Açores: Bispo prevê «catástrofe social» com menor presença norte-americana na base das Lajes

D. António de Sousa Braga apela ao «diálogo» para minorar impacto económica da decisão

Angra do Heroísmo, Açores, 21 jan 2015 (Ecclesia) – O bispo de Angra apelou ao “bom senso” e ao diálogo após o anúncio da redução da presença norte-americana na base das Lajes, ilha Terceira, e pede medidas que “estimulem novas oportunidades”.

“Estou convencido de que os governos da República e dos Açores vão ser capazes de sensibilizar os norte-americanos para encontrarem soluções que mitiguem os problemas, por um lado, e sirvam de alavanca para um novo modelo de desenvolvimento social e económico”, disse D. António de Sousa Braga, citado pelo sítio diocesano de informação ‘Igreja Açores’.

O prelado revelou que está a “acompanhar com muita preocupação” os problemas sociais que estão a ser criados pelo anúncio unilateral dos Estados Unidos da América reduzir a presença na base militar das Lajes.

Até ao verão, o relatório do Departamento de Defesa dos EUA sobre as suas bases militares na Europa prevê que os atuais 650 efetivos na base açoriana passem para 165 e ainda o despedimento de 500 dos 900 trabalhadores portugueses.

Segundo o bispo açoriano, só se pode “prever uma catástrofe social” que vai “agravar” as dificuldades “provocadas pela crise”.

O responsável assinala que o contingente norte-americano “há pelo menos dois anos” que está a ser reduzido, mas o relatório “precipitou” uma situação que exige “uma resposta concertada de todos”.

“Há um acordo que está em vigor e que não pode ser denunciado unilateralmente por uma das partes sem contrapartidas”, alerta D. António de Sousa Braga, para quem se devem “evitar medidas avulsas para ultrapassar os problemas”.

Nesse contexto, o responsável religioso frisa que está na hora dos governos “suscitarem a revisão imediata do acordo” acautelando as contrapartidas que “minimizem os efeitos sociais desta decisão que parece estar tomada”.

O prelado recorda ainda que a redução de efetivos militares e despedimento de portugueses vai afetar também “todos os empregos indiretos” que foram criados na ilha Terceira, “em particular na Praia da Vitória, por causa da presença dos norte-americanos” há 70 anos.

D. António de Sousa Braga considera que a falta de empregos e de oportunidades, sobretudo para os mais jovens, “faz com que a população emigre e não regresse”, como aconteceu noutras ilhas do arquipélago açoriano.

O sítio de informação da Diocese de Angra cita Tomaz Dentinho, professor na Universidade dos Açores, que estima que “entre cinco a 10 mil terceirenses possam ter de emigrar para garantir a sobrevivência”, o que representa cerca de 10% da população total da ilha.

IA/CB/OC

Partilhar:
plugins premium WordPress
Scroll to Top