Sri Lanka: Francisco faz história ao visitar região tâmil

Deslocação ao santuário de Madhu simboliza reconciliação do país após anos de guerra civil

Colombo, 14 jan 2015 (Ecclesia) – O Papa Francisco tornou-se hoje no primeiro pontífice a sair de Colombo, capital do Sri Lanka, para visitar a região norte, predominantemente tâmil, após canonizar o missionário José Vaz, nascido em 1651 na Goa portuguesa.

Milhares de pessoas acompanham Francisco no santuário mariano nacional de Madhu, que chegou ao local em helicóptero após um percurso de 260 quilómetros para norte e passou pelo meio da multidão num carro descoberto, cumprimentando as pessoas, que lhe ofereceram várias grinaldas de flores, como tem sido habitual nestes dias de viagem.

Simbolicamente, o Papa libertou uma pomba branca, símbolo da paz.

Francisco é o terceiro pontífice a visitar o Sri Lanka (Paulo VI em 1970 e João Paulo II em 1995), mas vai ser o primeiro a sair da capital e deslocar-se para a área de maioria tâmil, “tragicamente atingida pela guerra civil durante muitíssimos anos”, como recorda o porta-voz do Vaticano.

O Papa quis rezar no Santuário de Nossa Senhora do Rosário para assinalar a “reconciliação” no Sri Lanka.

O local de culto surgiu no século XVII por ocasião da perseguição movida pelos holandeses aos católicos que tinham sido convertidos pelos missionários portugueses na ilha, o antigo Ceilão.

Um grupo de fiéis conseguiu escapar até Madhu, levando com eles a imagem de Nossa Senhora que veneravam na antiga igreja, pelo que construíram ali um santuário para a guardarem.

No meio da perseguição, assinala a página oficial da viagem pontifícia, a imagem “começou a ganhar a fama de miraculosa” e dois séculos depois um bispo iniciou a construção da igreja, criando uma festa anual.

A imagem foi oficialmente coroada por um legado do Papa Pio XI em 1924.

O santuário ficou na zona central da guerra civil e a imagem teve de ser retirada do local em 2008, por questões de segurança, tendo o espaço de culto chegado a servir como refúgio para deslocados, durante o conflito.

Em 2009, após o fim da guerra, 500 mil pessoas deslocaram-se ao santuário para celebrar a festa da Assunção de Maria.

A Igreja Católica tem hoje cerca de 1,4 milhões de fiéis (6,1% da população) num país maioritariamente budista, representando a maior confissão cristã na ilha.

OC

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