Formação e acompanhamento de famílias são desafios no XV Encontro de Agentes Sociopastorais
Lisboa, 13 jan 2015 (Ecclesia) – As migrações estão a conhecer novos rostos e a desafiar as missões católicas que nos países de destino trabalham pelo acolhimento e integração dos emigrantes portugueses, refere a responsável pela organização que acompanha esta ação da Igreja.
“Se antigamente emigrava um elemento do agregado familiar, e depois chamava os restantes membros, hoje percebemos que vão famílias inteiras, vão jovens sozinhos e também emigram avós para ajudar os filhos ou porque eles próprios têm dificuldades financeiras”, explica à Agência ECCLESIA Eugénia Costa Quaresma, diretora da Obra Católica Portuguesa de Migrações (OCPM).
O tema vai estar em debate no 15.º Encontro de Agentes Sociopastorais das Migrações, que decorre de 16 a 18 de janeiro em Palmela, conta este ano, para além da organização Obra Católica, Agência ECCLESIA, Cáritas Portuguesa, com o Departamento Nacional da Pastoral Juvenil, dada a realidade das migrações atuais.
A responsável da OCPM fala de um “movimento de indignação” gerado por jovens migrantes qualificados que partem mas aponta a contínua emigração de “pessoas com baixos estudos e que, com menos qualificação, também fazem falta ao país”.
As mudanças têm consequências nas missões católicas nos países de destino que “se veem a braços com a capacidade de acolhimento e integração”.
Eugénia Quaresma destaca o trabalho social e pastoral que estas equipas prestam, vertentes que é “necessário acompanhar” e promover formando agentes.
“Cada vez mais é necessário formar agentes pastorais: padres, missionários, leigos. São os países de destino que a isso exigem. Querem pessoas qualificadas e preparadas para este trabalho”, refere.
As missões católicas têm o propósito de ser “colo” e dar “orientação no país de destino”, apesar de “hoje já não serem tão procuradas como antes”.
O “sentimento de pertença” é o maior desafio que conhecem.
“Os pais fazem a sua parte que é não perder os laços com o país de origem mas é preciso o equilíbrio e a adaptação ao país de destino. É necessário acompanhar para combater o sentimento «não sou de lado nenhum, não me encaixo», situações que podem resvalar para grupos mais marginais”.
O Papa Francisco escreveu para o Dia Mundial do Migrante e do Refugiado, que se assinala a 18 de janeiro, uma mensagem cujo título «Igreja, mãe sem fronteiras», “deve ser lido e refletido”.
“O Papa desafia-nos a não ficarmos detidos pelo medo, a estarmos atentos a diferentes formas de escravidão, a ousarmos e sermos corajosos no acolhimento e na capacidade do diálogo e do encontro”, observa Eugénia Quaresma.
O acolhimento é uma missão da Igreja que a OCPM chama a si e que, aponta a diretora, deve ser respondido com “criatividade”: “Vemos nos emigrantes a força para procurar soluções. A emigração é uma solução para resolver os problemas”.
O sociólogo António Barreto e o bispo do Luxemburgo, D. Jean-Claude Hollerich, vão proferir uma conferência no 15.ºEncontro de Agentes Sociopastorais das Migrações.
‘A grande debandada’ é o tema da conferência do sociólogo português, no primeiro dia e o arcebispo do Luxemburgo e presidente da Justiça e Paz Europa, D. Jean-Claude Hollerich, encerra o encontro com o tema ‘Desafios Pastorais da família no contexto da Evangelização.
LS