Organização do Patriarcado de Lisboa quer estar cada vez mais perto dos sem-abrigo
Lisboa, 19 dez 2014 (Ecclesia) – O presidente da Comunidade Vida e Paz (CVP) explicou hoje a dinâmica da Festa de Natal para os sem-abrigo de Lisboa, com diversos serviços de cidadania e promoção da esperança.
“Quando abrimos as portas à cidade entra muita gente e as pessoas que estão em situação de sem-abrigo precisam do seu espaço e não se revêm em grandes aglomerados”, começa por explicar Henrique Joaquim, sobre a novidade deste primeiro dia da festa que decorre até domingo ser reservado às pessoas apoiadas pelas equipas da Comunidade Vida e Paz.
À Agência ECCLESIA, o responsável revelou que esta decisão aconteceu depois de ouvirem as pessoas a quem prestam apoio e decidiram “dedicar-lhes um dia exclusivo” para centrarem as atenções “na sua necessidade, cuidar deles e dar-lhes um espaço”.
Por isso, os voluntários da CVP que todos os dias do ano dedicam o seu tempo à pessoa sem-abrigo entregaram “em mão 450 convites” para hoje, das cerca de 550 pessoas que contactam por noite, comprometeram-se a estar presentes para os “receber e acompanhar” e tiveram um feedback “extraordinariamente positivo” desta novidade.
Outra novidade desta festa é o barbeiro que substitui o cabeleireiro da edição anterior, numa estratégia de centrar-se mais nas pessoas que “passam pela situação de sem-abrigo”.
“O cabeleireiro estava a ser muito procurado pelas senhoras, pelas jovens. De facto as pessoas em situação de sem-abrigo precisam de cuidar da sua imagem e como são maioritariamente homens precisamos mais de um barbeiro”, comentou o presidente da CVP.
A rede de serviços prestados no local conta ainda com cuidados de saúde, duches que incluiu um kit de higiene, apoio jurídico e a resolução de “algumas necessidades básicas” como alimentação e um banco de roupa.
No Espaço Aberto ao Diálogo os convidados encontram uma equipa que acolhe, motiva e orientar as pessoas sem-abrigo para as estruturas da Comunidade ou para outras instituições e serviços.
Nesse sentido, a Festa de Natal da pessoa sem-abrigo é uma comunidade de comunidades e o espaço torna-se uma plataforma de serviços com a presença, por exemplo, da Santa Casa da Misericórdia, da Câmara Municipal de Lisboa, Segurança Social, Direção Geral de Saúde e Instituto de Registo e Notariado.
“Nos últimos dois anos emitimos cerca de 150 cartões de cidadão na hora. As pessoas às vezes chegam aqui totalmente indocumentada e fica com acesso a todos os serviços de uma forma plena e muitas vezes usufruir deles logo aqui”, destaca Henrique Joaquim.
Nesta fase têm a preocupação de apoiar a pessoa e existe a consciência que “sozinhos são limitados”: “Para mais de metade das pessoas encontramos respostas fora da comunidade”.
“Vamos proporcionar-lhes oportunidade de mudar de vida porque o sentido da festa é esse, não apenas celebrar mas viver o Natal. É um renascimento e aqui estão reunidas as condições para que possa começar e continuar amanhã nos nossos centros ou dos nossos parceiros”, disse o responsável da CVP.
CB/OC