Ponta Delgada, Açores, 18 dez 2014 (Ecclesia) – O Centro Comunitário Cais do Remar, na freguesia dos Fenais da Ajuda, no norte da ilha de São Miguel, desenvolve há seis anos um programa de apoio social com oficinas e apoia a recuperação e inserção de toxicodependentes.
“Toda a gente bate a esta porta e os que trabalham aqui, nomeadamente as técnicas de ação social, orientam as pessoas para as diferentes respostas disponíveis sejam as que damos diretamente, sejam as que precisam de outro tipo de intervenção”, explicou o ouvidor (arcipreste) dos Fenais de Vera Cruz.
Neste momento apoiam a reabilitação de 19 toxicodependentes; fazem atendimento e aconselhamento de pessoas e famílias com problemas sociais; diagnósticos; encaminhamento e gestão de conflitos.
Sobre o trabalho específico com os jovens toxicodependentes que frequentam programas de reinserção social, o sacerdote revelou que a sua “maior dor” é “não” conseguirem “dar seguimento” a este trabalho de “esperança”.
O padre Carlos Simas, ao sítio online Igreja Açores, revelou que a aposta na formação e integração social de quem os procura “leva a pessoa a ser protagonista da sua própria história”.
As duas técnicas de serviço social monitorizam todas as oficinas e ateliês e ainda são as responsáveis pelo encaminhamento social das famílias com mais problemas na freguesia.
“Esta zona estava muito desprotegida e temos aqui problemas gravíssimos de toxicodependência. Este centro foi uma resposta muito positiva”, acrescenta o sacerdote.
Nas sete oficinas os utentes trabalham em áreas como artes, letras, culinária, computadores, cultura, a horticultura, a costura e inda a animação sócio familiar, “com a oficina de crescimento”, revela o sítio informativo da Diocese de Angra.
O centro tem também um espaço solidário onde vendem alguns trabalhos que são desenvolvidos nas oficinas ou vestuário e calçado em segunda mão, “a preços absolutamente simbólicos”.
A irmã Judite Moinheiro, uma das três religiosas doroteias voluntárias, assinala que trabalham nas “periferias”, “uma palavra muito em destaque”, e que o fazem com “muito carinho”.
A “hora do conto” é um projeto que atualmente ultrapassa as fronteiras do Centro Comunitário Cais do Remar que foi convidado a ser presença na escola básica dos Fenais da Ajuda, uma vez por semana, para contar um conto “a todas as turmas”, desde a pré-primária até ao quarto ano.
A partir de janeiro de 2015, “hora do conto” vai estar também na escola da Maia e do Porto Formoso.
Segundo a irmã Judite Moinheiro esta dinâmica desenvolve-se com o envolvimento de “um pai ou um voluntário da comunidade” para que o momento “seja mais vivido”.
O centro apoia ainda 11 crianças na realização dos trabalhos de casa e conta com 22 na oficina de artes circenses e vão atuar pela primeira vez em público esta sexta-feira, dia 19, durante a festa da catequese.
Na quadra do Natal, o Centro Comunitário Cais do Remar organiza três almoços convívios com os seus utentes que são confecionados pelas “alunas” da oficina de culinária com muitos dos produtos cultivados na horta.
“Não há desperdício, semeamos tudo e o que sobra vai para o banco alimentar”, diz Artur Rita, um dos dois colaboradores responsáveis pela horta do centro.
O projeto do Centro Comunitário Cais do Remar, na freguesia dos Fenais da Ajuda, criado em 2008, é fruto de um contrato local de desenvolvimento social cuja gestão pertence ao Centro Social e Paroquial da Maia.
IA/CB