Igreja: Alfredo Bruto da Costa pede atenção ao magistério social da Igreja

Presidente cessante da Comissão Nacional Justiça e Paz maior inserção na sociedade civil

Lisboa, 16 dez 2014 (Ecclesia) – O presidente cessante da Comissão Nacional Justiça e Paz (CNJP) defende que a Igreja e a sociedade devem dar maior atenção ao ensinamento social da Igreja Católica, particularmente presente no magistério do Papa Francisco.

“O que é importante para nós é que o Papa por um lado fala muito fortemente de problemas de justiça, desigualdade, da paz, e esse é o mandato da Comissão Nacional Justiça e Paz, não como simples ativista social mas no contexto da mensagem do Evangelho”, comenta Alfredo Bruto da Costa.

À Agência ECCLESIA, o anterior presidente da CNJP, organismo de leigos ligado à Conferência Episcopal Portuguesa, assinala que trabalhar pela justiça para um cristão “não é sair do âmbito da sua missão de fé” porque quem não o faz omite essa mesma missão terrena “em que comunga e participa da sorte dos outros homens”.

Para o entrevistado, a exortação apostólica ‘Evangelii Gaudium’, de Francisco, é extremamente “profunda e muito envolvente” no contexto da evangelização e o lugar dessa evangelização na missão da Igreja.

“O Papa deseja que o impacto do documento não se limite a uma leitura. Ele vê esse risco e fala dele mas espera que os cristãos, de modo geral, levem por diante”, acrescenta.

Segundo Alfredo Bruto da Costa, a impossibilidade da passagem de documentos bem escritos e assertivos no conteúdo para a prática é um dos “problemas” transversais a “todos os textos do ensinamento social da igreja”.

Nesse sentido, o professor considera que é preciso “chamar os nomes às coisas” e exemplifica que “muitas vezes” existem criticas à teoria económica vigente “tão vagas que ninguém se sente interpelado”, um risco que o Papa quer evitar.

“O desperdício global entre o que é proclamado entre o Magistério da Igreja e o que os cristãos têm feito enquanto comunidade eclesial é muito grande”, desenvolve.

“O Papa quer estar no mundo, modificar não só a nível da Igreja, que também está a tentar, mas que as situações mudem como resultado e aprofundamento de um levar a sério a mensagem evangélica”, considera o até agora presidente da CNJP.

Sobre a CNJP no contexto de saída que o Papa impele o responsável destaca três pontos que considera “importantes”.

“Aprofundar a missão da comissão com a fé cristã, aprofundar mais na própria maneira da comissão existir no campo da justiça e da paz; um maior radicalismo de ir mais às raízes e valorizar mais o efeito de mudança social implícito nos dois pilares anteriores”, explicou o professor.

Na hora de fazer o balanço do caminho percorrido em seis anos, dois mandatos de três, Alfredo Bruto da Costa inclui também a ação dos predecessores – o professor Armando Sales Luís e a ex-secretária de Estado para o Planeamento, Manuela Silva – a cujas equipas pertenceu.

“Em certo sentido houve muitas coisas que fizemos mais ou menos em uníssono foi um período em que a orientação de base foi a mesma”, revela o entrevistado assinalando que esta continuidade criou “uma certa presença com um determinado perfil na sociedade”.

Nesse contexto, destacou “sinais concretos” do trabalho efetuado no âmbito religioso, onde estão por natureza, e civil com organizações da sociedade a procurarem-nos para “partilhar as suas preocupações e orientações” sobre a forma como observam as “questões da justiça e paz”.

“Foi extremamente reconfortante. Deu ideia de que muito do Pensamento Social da Igreja tem muito de comum com preocupações e até respostas, às vezes, mais profundas das que estão na sociedade”, assinalou Alfredo Bruto da Costa.

HM/CB/OC

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Agência ECCLESIA

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