Igreja: Evangelizar implica «tocar» realidades como a «alimentação» ou o «bem-estar»

Cardeal Maradiaga, presidente da Cáritas Internacional, afirmou que já passou o tempo em que o «espiritual» se podia separar do «social»

Lisboa, 13 dez 2014 (Ecclesia) – O presidente da Cáritas Internacional, cardeal Oscar Maradiaga, afirmou hoje em Lisboa que a evangelização tem de “alterar o contexto” a que se dirige e “tocar” realidades como o trabalho, a família, a alimentação ou a saúde.

“Já passou o tempo em que, depois de se falar da missão como evangelização, conversão e anúncio do kerigma, se podia considerar na praxis pastoral “o social” como um derivado da missão, e que, até certo ponto, se podia separar o “espiritual” do “social””, sustentou o presidente da Cáritas Internacional na conferência promovida pela Comissão Nacional Justiça e Paz a decorrer no Forum Picoas, em Lisboa.

O cardeal Maradiaga rejeitou a possibilidade de se “fazer missão, evangelizar” sem “alterar o contexto, sem tocar a realidade pessoal (no trabalho, na família, na alimentação, na segurança, no bem-estar, na saúde, na economia)”.

O presidente da Cáritas Internacional considera “inaceitável” uma “abordagem desencarnada”, que retira a dimensão social da evangelização.

“Não há separação entre o amor humano e a caridade cristã. Nem deve haver na prática uma disjunção entre evangelização e ação social nascida na caridade” referiu o arcebispo de Tegucigalpa, nas Honduras.

“A fé anuncia-se com as palavras e difunde-se com as obras. As duas realidades somam-se e integram-se entre si. Quando não existe esta mutualidade ativante entre o anúncio da fé e o serviço ao próximo, então é necessário reler as bem-aventuranças”, sublinhou.

Para o cardeal Maradiaga, “a missão, a misericórdia e o serviço aos pobres e a todos os irmãos, como experiência humana e missionária, deve ser um lugar de descoberta de Deus, de maior conhecimento do rosto de Cristo”.

Na conferência sobre a “Dimensão Social da Evangelização no Mundo de Hoje” o presidente da Cáritas Internacional sustentou caridade e espiritualidade “são inseparáveis”.

“Existe às vezes o perigo de concentrar a espiritualidade noutras metas, noutros valores, e não em dar primazia à caridade”, recordou o cardeal Maradiaga, acrescentando que a “bem-aventurança da misericórdia” consiste “ao mesmo tempo” na solidariedade e no “compromisso de amor eficaz com o irmão necessitado que está na miséria, no perdão das ofensas e na reconciliação”.

A conferência “Dimensão Social da Evangelização no Mundo de Hoje”, promovida pela Comissão Nacional Justiça e Paz em parceria com a Rede Europeia Anti-Pobreza / Portugal e a Cáritas Portuguesa teve por conferencista principal o presidente da Cáritas Internacional, cardeal Oscar Maradiaga (comunicação na íntegra aqui), e conta também com intervenções de Viriato Soromenho Marques e Guilherme d’Oliveira Marins.

PR

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