D. António Vitalino convida responsáveis católicos a ir ao encontro das pessoas
Beja, 05 dez 2014 (Ecclesia) – O bispo de Beja disse à Agência ECCLESIA que a realidade da diocese alentejana, extensa e desertificada, exigia a presença de um bispo coadjutor e defendeu que a ação da Igreja deve ir ao encontro das pessoas.
“É preciso que também o clero, as senhoras colaboradoras e outros, saiam dos espaços do culto e vão até às famílias, até aos homens, até aos jovens e ai sejam testemunhas de Jesus”, revelou D. António Vitalino que considera que é necessário “reavivar e reanimar” a evangelização.
Para o prelado é preciso acabar com as “fronteiras” e tornar a Igreja, os seus serviços, e a sua missão “mais transparente” onde o encontro e o diálogo deve realizar-se com as “pessoas na sua real situação”.
Por isso, frisa a aposta “nas mulheres” pelas “muitas capacidades, vivem a fé e podem transmiti-la”; na formação e na colaboração em muitas áreas da diocese, na família e em concreto nos homens que “frequentam menos a Igreja”.
D. António Vitalino considera ainda serem necessários cristãos “conscientes da Doutrina Social da Igreja” nas empresa, “pedir a sua práxis”, trabalhar mais com instituições sociais na área da infância e terceira idade e com as autarquias, “as grandes empregadoras no Alentejo”.
A Diocese de Beja é uma Igreja que avança em sínodo e agora conta também com um bispo coadjutor, D. João Marcos, que vai dar continuidade ao caminho percorrido, dois desejos antigos do atual bispo titular.
“Achei que devia chamar um bispo coadjutor que pudesse ser envolvido neste dinamismo e dar continuidade”, disse D. António Vitalino que não queria criar “vazios e uma grande desmotivação”.
Sobre D. João Marcos, que foi apresentado à diocese a 30 de novembro, revela que “irá tomar o pulso” e, depois, “espera-se outros impulsos”: “Preciso de alguém que caminhe comigo, para depois caminhar da forma que considerar melhor.”
D. António Vitalino em 2007, antes da última visita «ad limina» ao Vaticano, alertou que Beja encontrava-se “desertificada e com pouco clero”, que precisava de “uma evangelização mais profunda e de uma formação para os leigos colaboradores”, passado sete anos a realidade mantém-se.
“A diocese continuou a desertificar-se. A qualidade não se pode julgar pela quantidade mas os problemas mantém-se e o Alentejo, como toda a Igreja, tem que estar em contínua evangelização”, desenvolveu.
Para o bispo de Beja esta evangelização deve ir para a “rua, no campo, no emprego”, uma metodologia que usa desde a sua entrada, a 11 de abril de 1999.
Uma pastoral vocacionada para “ir sempre às periferias geográficas e existenciais”, como pede o Papa Francisco, que tem de “envolver muita gente”, apoiada em colaboradores diretos.
Conhecedor da diocese há 16 anos, o prelado explica que as fronteiras que existem em Beja devem-se a um passado de ocupação muçulmana onde a liberdade religiosa chegou a partir do século XII mas com a expulsão das ordens religiosas o Alentejo ficou sem agentes pastorais.
“O povo manteve a sua religiosidade, fora dos espaços de culto”, observou.
Nesse sentido, D. António Vitalino comenta que a restauração da evangelização tem de ser contínua e alerta que é necessário que as vocações surjam “no próprio Alentejo” e não fossem “importadas de outros lados” porque “é preciso renovar sempre, é preciso evangelizar sempre”.
A entrevista ao bispo de Beja, publicada na última edição do Semanário digital ECCLESIA, que dedica um dossier à diocese alentejana.
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