Violência doméstica: Cáritas de Aveiro revela preocupação por situações de «mais risco»

Dia Internacional pela Eliminação da Violência Contra as Mulheres assinala-se esta terça-feira

Aveiro, 24 nov 2014 (Ecclesia) – A Cáritas Diocesana de Aveiro, entidade gestora do Núcleo de Atendimento às Vítimas de Violência Doméstica (NAVVD) do distrito, considera que a realidade local é “preocupante” pelo número de situações que chegam diariamente.

Isabel Lemos, do NAVVD, refere à Agência ECCLESIA que este serviço prioritário, que surgiu pelo “volume de casos identificados”, atendeu este ano 160 vítimas e realizou 929 atendimentos.

Segundo esta responsável, os casos têm “contornos cada vez mais de risco e perigosidade para a integridade física, psicológica, das vítimas e também dos seus filhos”.

Falando a respeito do Dia Internacional pela Eliminação da Violência Contra as Mulheres, que se assinala esta terça-feira, Isabel Lemos precisa que a maioria das vítimas identificadas “casada e/ou está a viver em união de facto, trabalha e encontra-se na faixa etária dos 35-44 anos”.

Em 2013, foram atendidas 243 vítimas e efetuaram 946 atendimentos, numa área correspondente a 19 concelhos.

Segundo Isabel Lemos, dado o número “crescente” de denúncias, é possível que “exista mais visibilidade” para a temática da violência doméstica promovida por diversas campanhas, comunicação social, e um “conhecimento maior das atividades dinamizadas” quer pelo NAVVD quer pela comunidade geral e pelos profissionais.

“Existe, porém, uma dificuldade de se perceber e identificar que a violência psicológica é uma das formas da violência doméstica, o que pode potenciar que muitas situações não sejam ainda hoje sinalizadas/encaminhadas”, desenvolve.

Nesse sentido, a responsável assinala que o “mais difícil da prevenção e da sensibilização” passa pela tentativa de desconstrução de “mitos, crenças e estereótipos” porque não se consegue “num curto espaço de tempo mudar mentalidades”.

Na Casa Municipal da Juventude, o NAVVD irá participar esta terça-feira na Conversa “Violência na Família…não obrigada!”, para jovens alunos do 2.º/3.º ciclo, secundário e profissional, e na quinta-feira participa numa ação de sensibilização para médicos/enfermeiros e outros profissionais, em Sever do Vouga.

A violência no namoro também faz parte da realidade e Isabel Lemos adianta que nas sessões de sensibilização que fazem analisam que os jovens “legitimam e toleram a violência” que acontece nas relações de intimidade, com “crenças e valores que correspondem a uma mentalidade retrógrada”.

A equipa do NAVVD é constituída, neste momento, por dois técnicos na área da Psicologia que fazem acompanhamento social e psicológico; apoio jurídico; encaminhamento às vítimas; e ações de sensibilização/formação sobre violência doméstica.

Estas estruturas especializadas de atendimento foram enquadradas pelo terceiro Plano Nacional Contra a Violência Doméstica.

CB/OC

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