II Concílio do Vaticano: Milhares de emendas antes da «Luz dos Povos»

O texto da Constituição dogmática «Lumen Gentium» foi “demoradamente” discutido durante a segunda sessão do II Concílio do Vaticano. Em relação aos quatro capítulos (posteriormente seriam os seis primeiros) foram apresentadas “cerca de 4 mil emendas”.

O texto da Constituição dogmática «Lumen Gentium» foi “demoradamente” discutido durante a segunda sessão do II Concílio do Vaticano. Em relação aos quatro capítulos (posteriormente seriam os seis primeiros) foram apresentadas “cerca de 4 mil emendas” (Cf. Concílio Ecuménico Vaticano II – Documentos Conciliares e Pontifícios; Braga; Editorial A. O.).

Depois de um processo moroso e devidamente consideradas as modificações propostas, o texto definitivo foi sujeito globalmente à votação no dia 19 de novembro de 1964. Dos 2145 votantes, 2134 deram o «sim», 10 votaram negativamente e um padre conciliar votou nulo.

Dois dias depois (na última votação), dos 2156 votantes, apenas cinco não aprovaram o texto. Após estes resultados, o Papa Paulo VI promulgou “solenemente a Constituição” a 21 de novembro de 1964. (Cf. Concílio Ecuménico Vaticano II – Documentos Conciliares e Pontifícios; Braga; Editorial A. O.).

Quando convocou o II Concílio Vaticano II, o Papa João XXIII tinha um objetivo bastante claro: Aggiornamento, atualização da Igreja diante das questões colocadas pela sociedade do século XX. A Constituição sobre a Igreja – Lumen Gentium (LG) (Luz dos Povos) – torna-se o tronco deste acontecimento realizado entre 1962-65. É preciso recordar que o Papa Montini (na altura ainda era cardeal) pediu para que o concílio se ocupasse de um único problema: A Igreja.

A segunda constituição aprovada pelo II Concílio do Vaticano (a primeira foi a «Sacrosanctum Concilium») representa, no campo eclesiológico, “uma autêntica revolução” (Cf. Darlei Zanon; «Para ler o Concílio Vaticano II; Lisboa, Editora Paulus). O texto é composto por oito capítulos, onde se descrevem diferentes aspetos da Igreja.

Segundo o professor Manuel Costa Santos (Cf. Darlei Zanon; «Para ler o Concílio Vaticano II; Lisboa, Editora Paulus) a ordem dos “três primeiros capítulos mostra a «mudança copernicana» gerada pelo concílio”. Talvez seja o documento mais importante do II Concílio do Vaticano porque «obrigou» os padres conciliares a refletirem sobre a “essência da Igreja”. A sua redescoberta como mistério marca este retorno às origens ao mesmo tempo que se abre “a todas as novidades trazidas pelos novos tempos”.

A teóloga Manuela Carvalho (Cf. Darlei Zanon; «Para ler o Concílio Vaticano II; Lisboa, Editora Paulus) realça que a «Lumen Gentium» “ainda não é vivida nem aplicada […] Alguns pontos desta constituição foram vistos, como a questão da colegialidade e do episcopado, mas o fundamento, a raiz da própria Igreja é mais difícil. Exige da vida cristã”. 

LFS

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