Estratégia vai incluir a promoção de «parcerias, nacionais e internacionais, com organismos que tenham a mesma preocupação»
Lisboa, 14 nov 2014 (Ecclesia) – A Comissão Nacional Justiça e Paz (CNJP) vai endurecer o seu combate a um sistema económico que “mata”, é pouco “inclusivo” e tem contribuído para uma cada vez maior “desigualdade social”.
Este é um dos pontos principais do último documento publicado pelo organismo, intitulado “Reflexões sobre a exortação apostólica Evangelii Gaudium ‘A alegria do Evangelho’ do Papa Francisco”, enviado hoje à Agência ECCLESIA.
Apesar de estar a passar por uma fase de mudança, com a entrada de uma nova direção liderada pelo juiz Pedro Vaz Patto, “a CNJP considerou não dever furtar-se ao desafio que o documento do Papa coloca à sua missão”.
Nesse texto, Francisco convida a Igreja Católica, e todas as suas “estruturas”, a adotarem uma ação “mais missionária” e uma posição mais “comunicativa e aberta”.
O organismo laical ligado à Conferência Episcopal Portuguesa pretende ser no meio da sociedade uma “voz profética”, como aponta Francisco, na defesa dos direitos das pessoas.
No campo da economia, sublinha a importância de afirmar a “rejeição inequívoca e global” do atual panorama, dominado por um sistema “injusto na sua raiz”.
Sobre esta questão, a CNJP aponta que a Igreja Católica não pode ficar à espera de ter uma “alternativa” para “denunciar” o que se passa, como advogam algumas “vozes dentro e fora” do seu meio.
“A rejeição do que é mau ou desumano tem valor próprio que seria grave não reconhecer”, alertam os membros do organismo.
Depois, a CNPJ quer apostar no estabelecimento de “parcerias, nacionais e internacionais, com grupos e organismos que tenham a mesma preocupação” e procurar o apoio de “pessoas qualificadas” que colaborem com ela de forma “permanente” na busca de soluções.
Neste contexto, acredita “que a Universidade Católica Portuguesa poderia ser uma aliada na promoção de um modelo social e económico mais justo”.
O Papa Francisco, na sua exortação, defende também a necessidade de combater as “causas estruturais da pobreza”, mais do que andar ciclicamente a apostar em soluções de “emergência” que apenas resolvem os problemas de forma “provisória”.
“Se bem que a CNJP não seja um organismo de ação, poderá e deverá exercer influência no sentido de favorecer esta necessidade. É tarefa urgente”, frisa a Comissão.
As questões refletidas na publicação da CNPJ, que abrangem também áreas como a pastoral familiar e a liberdade religiosa, vão estar em destaque numa conferência que aquela estrutura católica vai promover dia 13 de dezembro em Lisboa, sobre “A dimensão social da Evangelização”.
O evento, no Fórum Picoas, a partir das 09h00, vai contar com a presença do patriarca de Lisboa, D. Manuel Clemente, e do presidente da Cáritas Internacional, cardeal Oscar Maradiaga.
JCP