É imperativo «fazer com que a barbárie nunca mais regresse», disse bispo das Forças Armadas e de Segurança
Lisboa, 30 out 2014 (Ecclesia) – O bispo das Forças Armadas e de Segurança assinalou hoje em Lisboa o centenário do início da I Guerra Mundial e afirmou que este momento da história deve servir como imperativo na busca de “uma cultura de paz”.
“Mesmo que as lagrimas não aflorem aos olhos, precisamos de deplorar a baixeza em que caímos. Mas precisamos também de criar uma cultura de paz e fazer com que a barbárie nunca mais regresse”, disse D. Manuel Linda, durante a Missa evocativa a que presidiu na igreja da Força Aérea, em São Domingos de Benfica.
Na homilia, enviada à Agência ECCLESIA, o prelado apontou para a necessidade de uma humanidade baseada em “dois vetores estruturantes: na fraternidade de irmãos sob a comum paternidade de Deus”.
Dois vetores que “falharam” há 100 anos, com o rebentar da Primeira Grande Guerra e que hoje continuam ausentes um pouco por todo o mundo, a começar pelo "Ocidente".
Para D. Manuel Linda, ao rejeitarem “Deus como Pai e os homens como irmãos”, as nações deixaram de valorizar “o preço da vida humana” e tornaram-se “indiferentes às hecatombes e ao morticínio em série”.
Além da violência e da guerra, existem outros sinais dos tempos que confirmam Deus “exilado e expulso” das organizações e da cultura humana.
“A fúria laicista do afastamento dos crucifixos” e as “legislações que, em nome de uma liberdade religiosa mal entendida, metem tudo no mesmo saco, não como promoção das mais sérias e frágeis mas para demover e apear as representativas”, exemplifica o bispo.
Depois há ainda aqueles que, “sob capa da religião” e o “nome de Deus”, vão e “maltratam, dizimam, martirizam” os outros “numa fúria selvagem e sectária”.
Por tudo isto, o bispo das Forças Armadas considera essencial devolver a Deus o seu “lugar” na cultura humana, “para que a pessoa seja salvaguardada”.
No campo militar, esta premissa é também fundamental, pois está em causa preservar toda uma “ética” que deve reger a “profissão e missão daqueles e daquelas que usam armas para, em nome do Estado de direito, defenderem a comunidade nacional e, mediante os pactos estabelecidos, participam na salvaguarda de outras populações em perigo”.
Daí que o responsável católico registe com agrado a “abertura religiosa” que tem constatado junto das Forças Armadas e de Segurança portuguesas.
“Tenho encontrado muita fé, muita vontade de formação religiosa, adesão aos sacramentos, até frequentes conversões do indiferentismo à vida eclesial”, salientou.
D. Manuel Linda espera que “esta boa relação entre as Forças Armadas e de Segurança e a Igreja continue” e que os militares prossigam empenhados no cumprimento do seu papel, mesmo que em contraciclo com a “cultura dominante”.
A celebração dos 100 anos do início da I Guerra Mundial (1914-1918) ficou ainda marcada pelo tributo às vítimas do confronto e aos sacerdotes que lhes prestaram assistência religiosa.
“A Igreja, que só tem razão de existir em função das pessoas, soube estar com os mais sofredores dos sofredores”, afirmou D. Manuel Linda.
JCP