Sínodo: Bispos propõem aposta reforçada na preparação dos noivos para o casamento

Esforço tem de comprometer «toda a comunidade cristã»

Cidade do Vaticano, 13 out 2014 (Ecclesia) – O relatório intermédio do Sínodo dos Bispos, apresentado hoje no Vaticano, defende uma maior aposta na preparação dos noivos para o casamento, face à “complexa realidade social” atual, com o empenho de “toda a comunidade cristã”.

“Os padres sinodais foram unânimes em sublinhar a exigência de um maior envolvimento de toda a comunidade, privilegiando o testemunho das próprias famílias, para lá de um enraizamento da preparação para o matrimónio no caminho de iniciação cristã, sublinhando a ligação do matrimónio com os outros sacramentos”, pode ler-se.

Os participantes pedem programas específicos para esta preparação que promovam uma “verdadeira participação” na vida da Igreja e aprofundem os vários aspetos da vida familiar.

“O matrimónio cristão não pode ser considerado só como uma tradição cultural ou uma exigência social, mas deve ser uma decisão vocacional assumida com adequada preparação num itinerário de fé, com um discernimento maduro”, apontam.

Neste contexto, o Sínodo recorda a importância de acompanhar as pessoas nos primeiros anos de vida matrimonial, com a ajuda de “casais com experiência”, e de encorajar uma “atitude fundamental de acolhimento do grande dom dos filhos”.

“Não é difícil constatar a difusão de uma mentalidade que reduz a geração da vida a uma variável da projeção individual ou do casal”, observam os padres sinodais.

O documento alude ainda à importância da encíclica ‘Humanae Vitae’, do Papa Paulo VI, que sublinha a “necessidade de respeitar a dignidade da pessoa na avaliação moral dos métodos de regulação de natalidade”.

“A paróquia é considerada como o lugar ideal onde os casais especialistas podem estar à disposição dos mais jovens”, acrescenta o texto, com 58 pontos.

A Igreja é convidada a “anunciar o Evangelho da família hoje, nos vários contextos”, considerando que esta é uma urgência para a nova evangelização”.

“Não se esqueça nunca que a crise da fé levou a uma crise do matrimónio e da família; como consequência, interrompeu-se muitas vezes a transmissão da fé de pais para filhos”, adverte o relatório.

A síntese das intervenções que decorreram à porta fechada aponta para a necessidade de uma “conversão” da linguagem: “Não se trata apenas de apresentar uma norma, mas de propor valores, respondendo à necessidade dos mesmos, que se constata hoje também nos países mais secularizados”.

O documento realça também a necessidade de uma evangelização que “denuncie com franqueza os fatores culturais, sociais e económicos, como por exemplo o excessivo espaço dado à lógica do mercado, que impedem uma verdadeira vida familiar, gerando discriminação, pobreza, exclusão, violência”

Em relação à mudança “antropológica-cultural”, o texto alerta que o mundo atual “parece valorizar uma afetividade sem limites”.

Após mais de 260 intervenções nas sessões gerais de trabalho, durante a última semana, o relatório de hoje é o ponto de partida para os dias finais de debate, que levarão à publicação, este sábado, do chamado ‘relatório do Sínodo’, documento conclusivo da assembleia extraordinária convocada pelo Papa.

OC

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