Iraque: Líderes cristãos pedem intervenção baseada nas «leis humanitárias»

Estratégia unicamente centrada em «bombardeamentos» custará «muitas» vidas inocentes

Genebra, Suíça, 17 set 2014 (Ecclesia) – O presidente da Conferência Episcopal do Iraque diz que uma intervenção contra o Estado Islâmico baseada apenas em bombardeamos aéreos “não é solução”.

Numa entrevista publicada hoje pela Rádio Vaticano, D. Louis Sako chama a atenção das Nações Unidas para esta matéria e recorda as “muitas” vidas inocentes que se poderão perder neste género de ofensivas.

“Não se pode ir assim, bombardear, às cegas … muitas pessoas vão morrer, pessoas que não estão com o Estado Islâmico! Devemos, portanto, procurar uma solução mais adequada e salvar as vidas daquelas pessoas, não destruir as infraestruturas, as casas”, salienta aquele responsável.

Para o também patriarca da Igreja Caldeia Católica, “um mandato da ONU será muito importante”, assim como a mobilização dos “países árabes”.

“Eles conhecem a situação do Iraque, a sua cultura, a sua língua, e podem também negociar com os extremistas, sem fazerem guerra”, sustenta.

A posição de D. Louis Sako foi secundada esta terça-feira, na sede das Nações Unidas em Genebra, na Suíça, numa declaração conjunta dos líderes das Igrejas cristãs do Médio Oriente.

Os responsáveis das comunidades católicas e ortodoxas da região apelaram a uma intervenção “urgente” no Iraque, mas baseada nas “leis humanitárias internacionais”.

De acordo com o texto, enviado à Agência ECCLESIA, o grupo realçou ainda que “o Estado Islâmico é uma ameaça não só para os cristãos ou outros grupos religiosos e étnicos mas também para toda a sociedade, no Médio Oriente, e restante comunidade internacional”.

“Se não for fortemente condenada e eficazmente destruída, então a ideologia dos extremistas vai pôr em causa todo o sistema de direitos humanos, abrindo um precedente perigoso de indiferença em relação ao dever de proteger os mais vulneráveis”, pode ler-se.

Entre a comitiva que seguiu para Genebra, a convite da Delegação Permanente da Santa Sé junto das Nações Unidas, estiveram além de D. Louis Sako o patriarca da Igreja Sírio-católica de Antioquia, Ignatius Yonnan, e o arcebispo Nicodemus Daoud Sharaf, da Igreja ortodoxa síria de Mossul.

Seguiram viagem ainda o metropolita de França e da Europa Ocidental e do Sul, Ignatius Alhoshi, da Igreja Greco-Ortodoxa, e Cirilo Bustros, arcebispo de Beirute, da Igreja Melquita Católica.

Os líderes das Igrejas cristãs do Médio Oriente reforçaram que “os massacres e atrocidades que estão a ser cometidos pelo Estado Islâmico no Iraque e na Síria, e que permanecem ainda sem punição, constituem crimes contra a humanidade”.

Recordaram também que “os direitos dos cristãos, enquanto comunidade religiosa” no Iraque estão consagrados na “Declaração Universal dos Direitos Humanos” e que a sua “cidadania” tem de ser protegida.

RV/JCP

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