Media: Paquete de Oliveira destaca papel da imprensa madeirense na transição democrática

Jornalista foi diretor das principais publicações regionais

Funchal, Madeira, 15 set 2014 (Ecclesia) – José Paquete de Oliveira, jornalista madeirense, destaca o papel da imprensa na transição democrática no arquipélago, com destaque para a presença católica no setor.

Nos finais da década de 50, o então padre Paquete de Oliveira assumiu a redação do Jornal da Madeira e recorda que este órgão de informação trazia uma orientação, “bastante progressista e com linhas pastorais e pedagógicas avançadas no contexto da Igreja”, sobretudo para a Diocese do Funchal, “um meio bastante fechado e circunscrito”.

“O jornal diocesano já vinha com a orientação do padre Agostinho Jardim Gonçalves que o tinha marcado e que depois veio para o continente”, lembra.

Em abril de 1974, o jornalista já estava dispensado do seu ministério sacerdotal e aguardava uma viagem para o Brasil, que não se realizou, e regressou à informação, como diretor do Diário de Notícias da Madeira.

José Paquete de Oliveira assinala que os proprietários do jornal tinham uma “cultura mais democrática”, e deram uma orientação “mais livre” que “seguia linhas muito mais conciliadas com a dita Revolução de Abril”.

Na análise à imprensa regional madeirense, o especialista relembra ainda a ação “progressista” desempenhada pelo «Comércio do Funchal», “conhecido pelo jornal cor-de-rosa”, que “acompanhava todo o sentido da mudança do Estado Novo para o espírito revolucionário”.

O ex-diretor do Jornal da Madeira recorda que a publicação, “embora seguindo outra linha” depois da revolução de 1974, altura em que Alberto João Jardim foi nomeado diretor, “nunca foi fechado na sua movimentação”.

“Não obstante ele ter outra ideologia, continuou a ser dinamizador dos valores cristãos”, revelou o jornalista.

Em Portugal Continental, para Paquete de Oliveira, a imprensa católica “sofreu muito mais” porque o jornal Novidades, “principal órgão do episcopado português”, “desaparece aos poucos” e no “período da revolução” a Rádio Renascença “é acometida de grandes condicionamentos”.

A Diocese do Funchal está a celebrar 500 anos de história, foi criada com a Bula ‘Pro Excelenti Praeminentia’ assinada pelo Papa Leão X, a 12 de junho de 1514.

A entrevista, que vai ser transmitida hoje no Programa ECCLESIA da Antena 1 da rádio pública (22h45), resulta de uma colaboração entre o Centro de Literaturas e Culturas Lusófonas e Europeias da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa (CLEPUL) e a ECCLESIA.

CLEPUL/CB/OC

Partilhar:
plugins premium WordPress
Scroll to Top