D. Manuel Linda afirmou que «um mundo que consente barbaridades convive com elas»
Fátima, Santarém, 13 set 2014 (Ecclesia) – O bispo das Forças Armadas e de Segurança de Portugal, numa homilia centrada na “dimensão social da fé” alertou hoje que “o mundo que consente barbaridades é porque vive com elas”, no Santuário de Fátima.
“Um homem sem referência a Deus tem dificuldade em se promover, de se elevar, e torna-se capaz das piores baixezas”, disse D. Manuel Linda que deu como exemplo o que está “a acontecer aos cristãos do Iraque, Síria, Eritreia e de outros lugares do mundo”.
“Um mundo que consente barbaridades é porque convive com elas e lhe tomou o gosto”, desenvolveu o prelado hoje na peregrinação aniversária de setembro.
Para além de assegurar às vítimas a proximidade espiritual e rezar pela conversão dos perseguidores, o bispo das Forças Armadas e de Segurança de Portugal pede “concretamente à ONU, que faça alguma coisa para acabar com este execrando genocídio, verdadeiro crime contra a humanidade”.
D. Manuel Linda revelou no Santuário de Fátima que não entende os governantes que “ficam impávidos e serenos como se esta barbárie extrema não lhe dissesse respeito”.
Na homilia, o bispo explicou ainda que “o mal no mundo” não é apenas pelas situações descritas e assinalou “as novas frentes de conflito como na Ucrânia; a incapacidade do Estado ‘domesticar’ a economia; os fluxos de capitais” ou “o desemprego sistémico mormente dos jovens”.
A nível global, manifestou também preocupação com questões vitais como: “Acesso à água potável; à distribuição dos recursos energéticos; à segurança alimentar; ao enquadramento dos fluxos migratórios; a liberdade religiosa e a perseguição dos cristãos no mundo”.
Para o bispo do Ordinariato Castrense “uma dimensão estruturante” da cultura e da alma do Ocidente – o cristianismo – está a afastar-se quando é necessário “o contributo de todos”.
Esta ausência começou com a filosofia, depois com a política e agora através da “cultura dominante” que na “ânsia de uma liberdade sem conteúdos, faz a figura do adolescente que está sempre contra o que o pai”, desenvolveu.
“Obviamente, também há razões de esperança”, destacou D. Manuel Linda que deu apenas um exemplo, os missionários que trabalham em África onde se alastra o vírus Ébola e “decidiram lá continuar”.
“A fé exige compromisso”, assinalou o bispo das Forças Armadas e de Segurança de Portugal.
A peregrinação anual de setembro, esta sexta-feira e sábado, teve como tema “Quereis oferecer-vos a Deus em reparação?”, das ‘Memórias da Irmã Lúcia’.
Para D. Manuel Linda, o mundo nem está voltado para Deus nem está unido porque, “mesmo da parte dos que se dizem cristãos”, à sua volta observa “uma fé sem espiritualidade, desprezo dos sacramentos, ausência de oração familiar, prática religiosa meramente ocasional, perda do sentido do pecado, comportamentos contraditórios com a doutrina da fé”.
O prelado explicou que hoje a “pergunta sensata” não é mais a “ociosa”, dos séculos passados, sobre a existência de Deus mas “as que supõem e exigem compromisso”: “Como é Deus?; onde e em quem O encontro?; como fazer para ser digno filho seu?; como atuar a salvação que Ele oferece ao mundo?”.
O bispo do Ordinariato Castrense de Portugal destacou ainda que o Evangelho acentua a “bipolaridade ou tensão entre o templo e o mundo, entre a oração e a vida, entre o estar imerso em Deus e a necessidade de operar a fé no contexto da cidade dos homens”.
CB