Casa Mãe do Gradil acolhe 50 crianças e jovens
Lisboa, 06 set 2014 (Ecclesia) – A Casa Mãe do Gradil, no Patriarcado de Lisboa, acolhe atualmente 50 crianças e jovens, entre os oito e os 23 anos, que ali ganham competências para serem autónomas, com um projeto de vida formado.
“Lembro-me perfeitamente dessa tarde [chegada ao lar]. Foi uma grande emoção e estranho, ao mesmo tempo. Estava a mergulhar no desconhecido, não sabia o que me esperaria”, recorda à ECCLESIA Joana Trinta, de 20 anos, a residir na instituição, na zona oeste do patriarcado, há mais de uma década.
Enquanto aguarda a confirmação de que se a sua vida nos próximos anos passará pela Universidade do Algarve, para estudar Marketing, Joana partilha com Neuza Augusto a certeza de que a sua vida teria sido muito diferente “se continuasse lá fora”, junto dos seus pais.
Finalista do curso de treino de ginástica, futura treinadora de atletas olímpicos, Neuza viveu mais de metade da sua vida nesta instituição, onde há 16 anos entrou pela primeira vez com a sua irmã.
Com a distância e maturidade que, admite, a Casa Mãe do Gradil lhe deu, Neuza, com 23 anos, afirma que este é um tempo para “aproveitar tudo o que a instituição pode dar”.
“Os momentos em família, porque esta acaba por ser a nossa família, as brincadeiras, tudo. A infância não tem de se tornar pior por estarmos aqui. Somos muitas e acabamos por ter uma vida completamente normal, porque vamos à escola, brincamos, temos roupa como qualquer outra pessoa, comida. Temos tudo e isso não tem de fazer de nós diferentes. A história é diferente mas as pessoas são todas iguais”, relata.
Uma vida igual a tantas outras que acontece dentro de uma quinta, porque, por diversos motivos estas crianças e jovens, todas mulheres, não puderam crescer junto das suas famílias de origem.
Desde 1948, a Casa Mãe do Gradil é uma resposta social trabalhando em parceria com a equipa centralizadora de vagas da Segurança Social que, de acordo com as características das instituições, encaminha os casos de crianças “atualmente mais velhas e pré adolescentes” para os centros de acolhimento.
A diretora técnica da instituição, Dina Alves, explica que a reintegração familiar é o objetivo, “trabalhando paralelamente com as famílias de origem”, mas essa meta nem sempre é conseguida, fazendo com que o tempo de permanência se estenda e a instituição invista num processo de autonomização com as jovens.
Enquanto o desenvolvimento pessoal decorre, a Casa Mãe do Gradil quer proporcionar uma vivência o mais familiar possível, estando organizada em cinco unidades habitacionais para 10 crianças cada uma, onde uma madrinha é responsável diariamente pela educação e organização do espaço.
“É um espaço vivo não é um museu”, explica Sofia Parente, diretora geral da instituição, dando conta da similaridade que se pretende com qualquer outro espaço familiar: “É um espaço para tudo, tal como se passa nas nossas casas com os nossos, onde se brinca, se fazem refeições, se dorme, se chora, se lava a roupa… Este sistema permite uma proximidade e aproximação à realidade familiar habitual”.
As respostas sociais desenvolvidas pela Igreja Católica vão estar em destaque este domingo no programa ECCLESIA na Antena 1, onde se apresenta a reportagem na Casa Mãe do Gradil e um trabalho do padre Nuno Rosário Fernandes na paróquia de Nossa Senhora do Amparo, em Benfica, ambas no Patriarcado de Lisboa.
LS