Francisco Zagallo Saraiva viveu dois anos longe da mulher e dos seis filhos
Lisboa, 13 ago 2014 (Ecclesia) – A família Zagallo Saraiva integra o número significativo de agregados portugueses que nos últimos anos viveram a experiência da “separação”, devido à necessidade de procurar lá fora alternativas de emprego que não existem no país.
Depois de estar desempregado durante mais de um ano, Francisco Zagallo Saraiva seguiu em 2010 para Luanda, em Angola, deixando em Portugal a mulher e seis filhos rapazes, na altura entre os 3 e os 20 anos.
“Não foi muito uma opção, opção é quando uma pessoa tem duas, aqui foi mais a opção” e é “muito complicado viver sozinho, sobretudo quem tem uma família assim grande e muito participada, muito vivida”, realça o emigrante, em declarações à Agência ECCLESIA.
Apesar das novas tecnologias ajudarem a atenuar a saudade, os primeiros tempos foram muito difíceis, sobretudo “o primeiro ano”.
Para a mulher, Sofia Zagallo Saraiva, o que custou mais, além de lidar com a “separação”, um sentimento “horrível”, foi ver-se a braços com “tanta coisa” para enfrentar também sozinha, a começar pelo apoio aos “miúdos” e todas as decisões do dia-a-dia, antes tomadas a dois.
“Por isso é que rezávamos, porque havia tanta coisa para decidir que não era possível e nós entregávamo-nos”, confidencia.
Em Angola, Francisco encontrou o espaço e as oportunidades de trabalho que não vislumbrava em Portugal, sendo hoje diretor geral de uma empresa em Luanda.
A bonança, depois da tempestade da crise que atingiu a família, permitiu finalmente a reunião do casal em 2012, com Sofia a viajar para Angola na companhia dos filhos mais novos.
Apesar do “desconforto” que a família Zagallo Saraiva sentiu, em abandonar o país, as suas origens, a inevitabilidade de ter que prosseguir a vida lá fora, por motivos económicos, profissionais e também afetivos, falou mais alto, à semelhança do que tem acontecido com tantas famílias portuguesas.
Desistir ou acomodar-se a viver “sem o marido”, ou privar os filhos do pai, de quem “precisam imenso”, é que “não” seria opção, sublinha Sofia.
Em Portugal, por enquanto, ficaram os três filhos mais velhos, Bernardo com 18, João Maria,com 21 anos e Francisco, com 23.
LS/JCP