Migrações/Crise: Responsável católico lamenta «incompetência» dos políticos

Igreja quer «acolher e acompanhar» emigrantes portugueses que procuram oportunidades para melhorar de vida

Fátima, Santarém, 12 ago 2014 (Ecclesia) – O diretor da Obra Católica Portuguesa para as Migrações (OCPM) disse hoje em Fátima que a Igreja deve servir de “alerta e denúncia das injustiças” e assinalou que o “valor supremo” atual é o “não respeito da vida humana”.

“A emigração e as migrações são uma denúncia contra as políticas e contra os governos, ou seja, contra a incompetência dos políticos criarem condições para fixarem as suas populações”, observou frei Francisco Sales na conferência de imprensa de apresentação da peregrinação anual do migrante e refugiado ao Santuário de Fátima.

O tema – Migrações rumo a um mundo melhor – no atual contexto do “grande fluxo migratório português, quase uma sangria da população portuguesa, pela Europa e pelo mundo” pretende ser “uma boa mensagem de esperança para aqueles que estão a emigrar sem esperança, muitas vezes revoltados com a situação, com os nossos políticos e com o nosso Estado por não ter dado condições para poderem construir a sua vida na sua terra”, acrescentou o sacerdote.

Para o responsável católico, a sociedade portuguesa assiste a uma “incompetência fruto de uma crise de valores, de uma corrupção política e financeira que levou a que o país não tivesse condições para criar trabalhos e condições para fixar particularmente os jovens”.

“Os jovens que estão a sair das universidade e das escolas profissionais, depois de um esforço e às vezes investimento dos próprios pais e às vezes depois de fazerem dívidas que vão ser difíceis de pagar, chegam ao mercado de trabalho e não encontram trabalho e não têm outra alternativa se não sair”, exemplificou o diretor da OCPM.

“Hoje assistimos a um não respeito da vida humana. A vida humana não é vista como valor supremo, o valor supremo é a economia que está a ser manipulada pela alta finança, por isso é que estamos nesta situação”, denunciou o padre franciscano.

“Enquanto os poucos que se continuam a apoderar da riqueza a maioria continua a recolher as migalhas que sobejam, esta é a situação do mundo hoje criada pela anti cultura da humanidade”, acrescentou no Santuário mariano onde deseja que as migrações contribuam “para a construção e um mundo melhor onde todos têm lugar, são respeitados pelas suas diferenças e os direitos humanos são respeitados”

A semana das migrações, que decorre até domingo, contém “uma grande mensagem e esperança”.

“O nosso objetivo primeiro é procurarmos sermos uma alerta e uma denúncia, a Igreja tem de ter este papel, das injustiças e atentados contra a própria vida humana que deve ser respeitada como valor supremo”, acrescentou frei Francisco Sales sobre esta iniciativa anual que reúne migrantes que saíram de Portugal e outros que procuraram aqui melhores condições de vida.

Na conferência de imprensa, o responsável manifestou também vontade de estar onde os emigrantes portugueses estiverem e garantiu que podem “contar com a mão estendida da Igreja, uma mão solidária pronta para o acolher e acompanhar nos caminhos difíceis da emigração”.

“Nas alegrias, nas esperanças, nas tristezas e nos dramas porque neste momento está-se a assistir a muitos dramas nos países para onde os nossos portugueses estão a emigrar, em particular pela Europa”, desenvolveu o diretor da OCPM.

HM/CB/OC

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Agência ECCLESIA

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