Europa: Bispos franceses assinalam centenário da I Guerra Mundial

Responsáveis recordam «tragédia inútil» e pedem promoção da paz

Lisboa, 08 jul 2014 (Ecclesia) – O presidente da Comissão Episcopal Francesa Justiça e Paz, D. Francis Maupu, assinalou o centenário da I Guerra Mundial com uma mensagem, na qual afirma que o tempo de comemoração é “também o tempo de promover a paz”.

As celebrações oficiais vão ser assinaladas a partir de domingo, dia em que o arcebispo de Parias, cardeal André Vingt-Trois, preside a uma Missa que marca a abertura oficial das comemorações, na Catedral de Notre-Dame.

D. Francis Maupu, bispo de Verdun, no nordeste da França, recordou a ação do Papa Bento XV que definiu esta guerra como uma “tragédia inútil” e pediu aos países para “substituírem a força material das armas pela força moral do direito”.

“(Bento XV) organizou a pastoral dos soldados, o apoio aos órfãos da guerra e propôs a troca de prisioneiros. Gestos e palavras”, relembra o presidente da Comissão Episcopal Francesa Justiça e Paz.

“Lembrar a grande guerra significa rememorar algumas imagens: os filhos dos soldados que estiveram na frente de combate e os grupos que regressaram, cada vez menos numerosos; o olhar vazio daqueles que viram o indizível; os reféns fuzilados, os civis massacrados, as vilas incendiadas”, acrescentou.

A Batalha de Verdun que opôs franceses e alemães, entre 21 de fevereiro a 18 de dezembro de 1916, foi uma das principais batalhas da I Guerra Mundial (1914-1918).

“Nunca mais”, é o repto e o desejo de D. Francis Maupu que considera que “infelizmente, a paz não é assim tão espetacular quanto a guerra, mesmo quando não há conflitos já é difícil pronunciar palavras de paz,”.

O diretor da Faculdade de Ciências Humanas (FCH) da Universidade Católica Portuguesa (UCP), José Miguel Sardica, considera que a Europa hoje não caminha para uma nova guerra, mas realça que “há um ano ou dois, ou alguns meses” se podia afirmar a paz “com mais certeza”.

“Há focos de agitação, de guerra, e de incerteza que parecem reproduzir algo que era o ambiente vivido na Europa há 100 anos”, acrescenta o comentador do programa ECCLESIA.

Segundo José Miguel Sardica, o início da I Guerra Mundial é “uma espécie de 11 de setembro” para o seu tempo, porque pode ser observado “como o dia em que um certo mundo, de esplendor, conforto e desenvolvimento, desde o século XIX, subitamente chega ao seu fim”.

O historiador considera que “vale a pena” assinalar o centenário da I Guerra Mundial “pelo caráter efémero e contingencial das realidades políticas, sociais”.

LS/CB/OC

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