Finanças: «Banco» do Vaticano bloqueou mais de 2 mil contas e encerrou 3 mil

Instituto para as Obras de Religião vai ter nova administração e quer reforçar política de transparência

Cidade do Vaticano, 08 jul 2014 (Ecclesia) – O Instituto para as Obras de Religião (IOR), conhecido como o Banco do Vaticano, apresentou hoje um balanço anual, revelando que bloqueou mais de 2 mil contas desde 2013.

Essas contas são relativas a 1329 clientes individuais e 762 clientes institucionais, estando a instituição à espera que “sejam fornecidos todos os dados exigidos”.

O IOR revela que, entre maio de 2013 e junho desde ano, realizou uma "análise sistemática de todos os registos de clientes para identificar a informação perdida ou insuficiente".

O processo levou a que a instituição terminasse relações com cerca de três mil clientes, 2600 das quais classificadas como "contas adormecidas".

"Graças a esta decisão, o IOR está agora concentrado apenas nas instituições católicas, clero, funcionários ou antigos trabalhadores do Vaticano, com contas em que recebem salários ou pensões, embaixadas e diplomatas acreditados junto da Santa Sé", pode ler-se.

O documento anuncia ainda o início da “fase II” da reforma do instituto, com a sua integração no “novo contexto económico-administrativo do Vaticano.

O IOR passará a ter nova administração, um ano e meio depois da nomeação, por Bento XVI, do alemão Ernst Von Freyberg como presidente da instituição.

Em comunicado, o responsável faz um balanço positivo do trabalho realizado, afirmando que deixa “os fundamentos para permitir que uma nova equipa de direção faça do IOR um fornecedor de serviços verdadeiramente excecional no mundo financeiro católico”.

O balanço anual, publicado pela segunda vez na história da instituição, foi revisto pela Deloitte & Touche e será publicado a 15 de julho no site do IOR, www.ior.va.

Depois de um lucro de 86,6 milhões de euros em 2012, a instituição apresenta este ano um resultado positivo de 2,9 milhões, “significativamente influenciado por despesas extraordinárias", por "ajustes significativos no valor dos fundos de investimento geridos por terceiros negociados em 2012 e início de 2013" e pela "queda no valor do ouro”.

A 30 de junho deste ano, o IOR tinha 15 495 clientes com ativos totais de seis mil milhões de euros.

O documento revela também que, em 2013, a instituição contribuiu com 54 milhões de euros para o orçamento da Santa Sé.

“No início do meu mandato disse várias vezes que perseguiria com ‘tolerância zero’ qualquer atividade suspeita. Levamos a cabo as nossas reformas neste espírito e melhoramos significativamente os procedimentos para tornar o Instituto mais seguro e transparente”, refere Ernst von Freyberg.

O responsável fala num processo “doloroso, mas absolutamente necessário”, que deixa ao seu sucessor “as bases para um novo futuro do IOR como gestor de serviços financeiros completa e exclusivamente dedicado a servir a missão da Igreja Católica”.

A nova Secretaria para a Economia da Santa Sé, criada pelo Papa Francisco, vai apresentar esta quarta-feira aos jornalistas a próxima direção do IOR numa conferência de imprensa sobre o “novo quadro económico” da instituição.

O cardeal George Pell, prefeito da Secretaria para a Economia, assinala que a Santa Sé vive “um período de grandes mudanças”, que visa a criação de “estruturas mais simples e eficientes”.

OC

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