D. António Moiteiro Ramos atento à «desertificação» do interior diocesano
Lisboa, 04 jul 2014 (Ecclesia) – O novo bispo de Aveiro, D. António Moiteiro Ramos, já teve ocasião de reunir com responsáveis da diocese e definir algumas das preocupações que vão marcar a sua missão na região.
Em entrevista concedida hoje à Agência ECCLESIA, o prelado sublinha a importância do trabalho pastoral junto das “famílias, dos jovens” e também das comunidades do interior, onde a crise económica e o desemprego se tem feito sentir com mais veemência.
Apesar da Diocese de Aveiro ser “muito populosa, há zonas como o Sever do Vouga e outras” onde já se nota alguma “desertificação”, salienta o novo bispo.
Uma questão que entronca diretamente na quebra acentuada na natalidade que se tem feito sentir um pouco por todo o país.
“Se não for resolvido o problema económico, os jovens não podem ter filhos, os pais não avançam se não tiverem condições para os criar e educar com dignidade”, frisa D. António Moiteiro Ramos.
Outra preocupação do prelado será continuar com o “dinamismo” que as comunidades católicas aveirenses ganharam através da “Missão Jubilar”, a propósito dos 75 anos da restauração da Diocese de Aveiro.
O bispo quer inteirar-se melhor desse trabalho e “depois ver qual será o melhor caminho”, juntamente “com os sacerdotes, os leigos e todos os organismos eclesiais”.
Para já, o bispo mostra-se apostado em fazer da exortação apostólica “A alegria do Evangelho”, do Papa Francisco, a base do seu programa pastoral.
“Se é o programa pastoral do Papa, deve sê-lo também para toda a Igreja”, apontou.
D. António Moiteiro Ramos estava em Roma quando recebeu a notícia da sua nomeação, a 24 de junho último.
Na ocasião, encontrava-se a tratar de questões relacionadas com “o processo de beatificação do servo de Deus D. João de Oliveira Matos”.
A decisão do Papa Francisco foi recebida “com alguma surpresa” pois tendo em conta as próprias "limitações" é possível ver “sempre outros com mais possibilidades para essa missão”, refere o prelado.
Nessa semana teve ocasião de falar com o Papa argentino, durante a habitual audiência pública.
Encontro em que Francisco encorajou-o a que “fosse com alegria, que trabalhasse pelo Reino de Deus e se dedicasse alma e o coração às pessoas” e aos “sacerdotes”, zelando sobretudo pela sua “formação”.
Na hora da despedida da Arquidiocese de Braga, o bispo de 58 anos deixa uma palavra especial para as comunidades católicas e os membros do clero com quem privou durante os últimos dois anos.
Ao “povo minhoto”, D. António Moiteiro Ramos agradece a forma “muito boa” como o acolheram e aos sacerdotes deixa “uma palavra de muita amizade” pelos “laços e dinamismos de trabalho” criados ao longo do tempo.
A todos diz que “as pessoas passam mas o que importa é Jesus Cristo anunciado, vivo e ressuscitado” e a certeza de que “Deus não deixa ninguém sozinho”.
JCP