Um Francisco que continua a ser Jorge

Qualquer obra publicada sobre o Papa Francisco é sinónimo de sucesso editorial.

Qualquer obra publicada sobre o Papa Francisco é sinónimo de sucesso editorial. A última que li de fio a pavio num curto espaço de tempo tem uma foto do papa sorridente na capa e como título: «Francisco – O argentino – O papa íntimo contado pelos seus próximos».

Com a chancela da «Guerra&Paz» e saído da pena de Arnaud Bédat, este livro centra-se em testemunhos de pessoas simples e de coração aberto que relatam a sua proximidade com o atual Papa. Não são personagens oriundas da burguesia, da classe política, da alta finança nem diretores de jornais que falam sobre «o padre Jorge». Testemunhos vivos e sentidos de quem privou e absorveu o estilo do Papa argentino.

Começo pelo fim do livro – pelo último testemunho – relatado pelo amigo do Papa Bergoglio, Federico Wals (assessor de imprensa do cardeal na Argentina) que conta este episódio hilariante: O papa (vestido de padre) foi esperar um amigo ao aeroporto. Este amigo (bispo argentino) diz-lhe: “Mas és completamente louco, Jorge! Que fazes tu aqui?». O papa Francisco – lê-se no livro – respondeu-lhe: “Ouve lá, também preciso de arejar um pouco, não te parece?”.

Ao longo da obra somos surpreendidos com relatos que fogem dos cânones papais. Um Papa que telefona aos amigos com frequência e que responde às cartas que lhe enviam. Recordo um episódio que marca a sua força interior e a sua fé. No dia da morte da sua avó, o neto que agora é Papa estava, naturalmente, à sua cabeceira. Quando viu que acabara de morrer, ficou prostrado no chão por um instante e disse às religiosas que o rodeavam: “Neste instante a minha avó enfrenta o momento mais importante da sua vida. Deus está a julgá-la. É assim o mistério da morte”.

No livro «Francisco – O argentino – O papa íntimo contado pelos seus próximos» – contém algumas fotos que ilustram as palavras – no capítulo «O mago das agulhas» – o médico Liu Ming (chinês e monge taoista) que tratou de alguns problemas de saúde de Francisco através de acupuntura relata a amizade que os unia. “A cada sessão o ritual repetia-se. Jorge Mário Bergoglio despia-se, ficava apenas com a roupa interior e deitava-se. A agenda, o relógio, a cruz, o casaco, deixava sempre as suas coisas no mesmo sítio. Com uma precisão quase milimétrica. É espantoso. Nunca tinha visto mais ninguém assim”, recordou Liu Ming. E acrescenta: “Reparei que tinha a roupa cheia de buracos. Não podia acreditar”. Como é que uma pessoa com “tal grandeza consegue ser tão humilde?”.

Este é um dos relatos da humildade do Papa argentino que não esquece os amigos. 

LFS

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Agência ECCLESIA

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