Beja: 10.º Festival «Terras Sem Sombra» foi marco de «qualidade»

Organização, artistas e parceiros locais sublinham importância do certame para a dinamização do interior alentejano

Beja, 01 jul 2014 (Ecclesia) – O professor José António Falcão, principal impulsionador do Festival Terras Sem Sombra, considera que a 10.ª edição do certame, que terminou no último domingo em Moura, foi um marco na “qualidade” e “maturidade” do projeto.

Em declarações à Agência ECCLESIA, o diretor do Departamento do Património Histórico e Artístico da Diocese de Beja, membro da comissão organizadora do festival, destaca a forma como o programa deste ano conseguiu reforçar a ligação entre a música clássica, “o grande fio condutor”, e as áreas do património e da biodiversidade.

O cartaz de 2014, que conjugou intérpretes nacionais e internacionais com a participação de companhias de renome, como o Teatro Nacional de São Carlos e a Orquestra Gulbenkian, permitiu “mostrar” às comunidades alentejanas “o que há de mais interessante” atualmente no panorama “artístico”.

Por outro lado, o facto de o certame apostar nas igrejas locais para a realização dos concertos, é também um contributo essencial para a divulgação do “património histórico” da região, realça José António Falcão.

Ao longo dos últimos 10 anos, a componente da biodiversidade foi também ganhando peso no cartaz do festival, com a promoção de iniciativas tendentes à sensibilização do público e dos artistas para a importância de preservar as riquezas naturais do Alentejo.

Através de cada um destes pontos, é possível fazer também a “ponte” para outras áreas de relevo no território, como a “gastronomia” e chegar “à própria vivência”, às tradições específicas de cada comunidade”, refere o especialista em História de Arte.

Olhando para o futuro, José António Falcão sublinha a necessidade do “Terras Sem Sombra” trilhar o seu caminho “sem ter que recorrer sistematicamente ao erário público” mas continuando a apoiar-se “na sociedade civil” que, desde a primeira hora, tem contribuído para a sua realização e desenvolvimento.

“Tem sido possível, no que diz respeito à requalificação dos monumentos, da criação de rotas e itinerários culturais, contar com um apoio importante, sobretudo de fundos comunitários, mas a sustentabilidade tem estado a ser garantida pela nossa comunidade, é o próprio Alentejo que tem encontrar os recursos, as energias e as disponibilidades para necessárias que isto possa continuar”, frisa aquele responsável.

A vereadora do pelouro da Cultura da Câmara Municipal de Moura, entidade anfitriã do último concerto do festival deste ano, considera o projeto fundamental para a preservação de um interior português por vezes esquecido.

Uma aposta que tem sido também perfilhada pela autarquia, por exemplo “na recuperação de edifícios históricos, de edifícios que marcaram a sua presença em Moura, que são sentidos pelas suas gentes”, adianta Maria do Céu Rato.

Filipe Sousa, técnico da associação para o desenvolvimento do Concelho de Moura, diz que iniciativas como o “Terras Sem Sombra” são autêntico “marketing territorial” e ajudam a “trazer mais pessoas” para as regiões do interior, contribuindo assim “para a fixação” das populações no território e para o suporte da “economia local”.

Para Ester Filipa, membro da Orquestra Gulbenkian, “é pena que não aconteçam mais encontros deste tipo”, que permitem “levar a música clássica” até às “províncias” alentejanas.

“Antigamente aconteciam muitos mais, nos meus primeiros anos na Orquestra Gulbenkian tenho memórias de ir para a Serra da Estrela, encontrar pessoas que ficavam maravilhadas com instrumentos que nunca tinham ouvido”, recorda a artista.

HM/JCP

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