Padre e jornalista Rui Osório destaca espontaneidade e proximidade nas celebrações
Porto, 24 jun 2014 (Ecclesia) – A festa litúrgica do nascimento de São João Batista, que a Igreja Católica celebra hoje, leva ao Porto uma festa “única” para uma “cidade de liberdade”, refere à Agência ECCLESIA o cónego Rui Osório.
“Não há propriamente uma celebração religiosa, é uma festa sacro-profana, e é curioso que o povo na sua manifestação não quis formalizar e institucionalizar estas festas, são muito espontâneas, são muito da alegria do povo, da proximidade”, precisa.
Para o jornalista e pároco da Foz do Douro, embora o santo seja festejado em todo o país, existe uma tradição particular no Porto, numa celebração “democrática” em que “não há ricos nem pobres”.
O responsável recorda a “cristianização” de festas pré-cristãs, “típicas” do verão, que recorrem a elementos como as ervas aromáticas ou as fogueiras e fazem das figuras de Santo António, São Pedro ou São João Batista – “rapioqueiro”, como se diz no Porto, e “casamenteiro”.
“O povo soube tirar partido da alegria destes santos”, refere.
O cónego Rui Osório sublinha que a celebração do São João “fugiu sempre à institucionalização” e recorda que só uma paróquia da cidade do Porto o tem como padroeiro, precisamente a da Foz do Douro.
A festa, acrescenta, “é muito típica de uma cidade que troca o ‘v’ pelo ‘b’, como tem outros regionalismos na sua maneira de falar, mas não troca nunca a liberdade pela escravidão”.
“A noite de São João é uma noite de liberdade, de fraternidade, de alegria, em que as pessoas democraticamente se aceitam nas suas diferenças”, observa.
São João Batista é celebrado pela Igreja Católica como primeiro anunciador de Jesus Cristo e a sua festa litúrgica, com vigília, é a única, com a da Virgem Maria, em que se celebra o nascimento.
OC