Frei Francisco Sales realça necessidade de preservar «parte religiosa» pois «a fé não é para show»
Lisboa, 12 jun 2014 (Ecclesia) – A cidade de Lisboa acolhe por estes dias milhares de visitantes vindos dos mais diversos pontos de Portugal e do mundo, para celebrarem as festas em honra de Santo António, que têm esta sexta-feira o seu ponto alto.
O frei Francisco Sales, da comunidade franciscana da Igreja de Santo António de Lisboa, destaca a importância que as comemorações assumem para o país que viu nascer, em finais do século XII, aquela que é uma das maiores figuras do cristianismo.
“O orgulho, se for mal orientado, é um pecado, mas eu penso que podemos sentir-nos orgulhosos de Santo António ter sido nosso”, salienta.
A Igreja de Santo António, na freguesia de Santa Maria Maior, perto da Sé de Lisboa, assinala as origens deste doutor da Igreja, missionário e religioso, padroeiro dos pobres e oprimidos.
É lá que está em exposição a maior relíquia de santo fora da cidade italiana de Pádua (onde ele viveu e morreu em 1231) um bocado de osso do seu braço esquerdo.
Sem espaço para grandes iniciativas, a principal prioridade da comunidade franciscana responsável pelo espaço é, à semelhança do que acontece durante todo o ano, o acolhimento aos peregrinos.
“Quase sempre as pessoas aproximam-se do religioso quando se sentem em situações verdadeiramente difíceis, dramáticas, de doença e sofrimento, é quando mais se agarram”, salienta o frei Francisco Sales.
Por outro lado, é essencial também divulgar junto de quem chega o legado e a história de Santo António, já que muitos visitantes, pelo facto de “ele ter vivido em Itália”, da “sua fama ter nascido lá”, perguntam-se se Santo António de Lisboa e Santo António de Pádua são a “mesma” pessoa.
Apesar de se tratar de uma festa religiosa, a celebração em honra do padroeiro da capital portuguesa tem muitas outras manifestações, como as “marchas, as tasquinhas, os arraiais, as sardinhas” e as “noivas de Santo António”
Para o frei Francisco Sales, é essencial saber separar as coisas – como em todas as festas, há tempo para “brincar” mas quando se chega “à parte religiosa, é a parte religiosa”.
Nesse âmbito, o franciscano considera que as entidades camarárias deveriam ter mais cuidado na associação que fazem entre estes casamentos e as celebrações em honra de Santo António.
“A fé, a religião não é para show. Os nossos políticos devem saber estar e ser responsáveis”, sustenta frei Sales.
Em causa está o facto dos casamentos se realizarem pelo “civil, na Câmara Municipal com grandes banquetes, uma despesa enorme, com o dinheiro dos contribuintes”, algo que para o franciscano é “imoral” e demonstra falta de “valores” e “princípios”.
JCP