Terra Santa: Viagem do Papa tem «dimensão política» incontornável

Patriarca latino de Jerusalém projeta primeira visita de Francisco e espera contributo para a paz

Lisboa, 23 mai 2014 (Ecclesia) – O patriarca latino de Jerusalém, autoridade máxima da Igreja Católica na Terra Santa, disse à Agência ECCLESIA que a primeira viagem do Papa Francisco à região tem uma “dimensão política” que deve ser tida em conta.

“Há os judeus, os muçulmanos, o diálogo ecuménico, a unidade, a paz. Estou certo de que os discursos do Papa serão discursos de um Papa em visita pastoral, em visita de oração e de diálogo, mas nada disso impede que esses discursos tenham uma dimensão política sobre a situação”, referiu D. Fouad Twal, numa entrevista à Agência ECCLESIA, SIC e revista ‘Vida Nueva’.

O patriarca, que presidiu à peregrinação do 13 de maio em Fátima, vai acompanhar Francisco na viagem que decorre entre sábado e segunda-feira, com passagens por Amã, Belém, Telavive e Jerusalém.

A agenda prevê 14 intervenções, entre homilias e discursos, e a assinatura de uma declaração conjunta com o patriarca ecuménico (Igreja Ortodoxa) de Constantinopla, Bartolomeu, assinalando os 50 anos do encontro entre o Papa Paulo VI e o patriarca Atenágoras, em Jerusalém.

Na Terra Santa, o Papa vai visitar, entre outros locais, o Santo Sepulcro, o memorial do Holocausto ‘Yad Vashem’, o Muro das Lamentações e a Esplanada das Mesquitas.

“Na Terra Santa, considerando a situação que vivemos, não podemos evitar a dimensão política: tudo é política. Se se falar do fim da ocupação, do trabalho, se se falar da liberdade religiosa, dos muros ou dos postos de controlo, é de política que falamos”, afirma D. Fouad Twal.

[[a,d,4646,Emissão 22-05-2014]]O patriarca latino deixa votos de que os discursos do Papa “toquem a cabeça e o coração dos dirigentes políticos, de modo a terem a coragem de mudar de modo a que haja mais paz e harmonia para todos”.

“Quando falo de paz, é para todas as pessoas, judeus, cristãos ou muçulmanos, não haverá nunca uma paz apenas para um povo apenas, sem os outros. Ou vivemos juntos, em paz, todos juntos, ou continuaremos este círculo de violência que não acabará nunca”, adverte.

Francisco vai levar na sua comitiva rabino Abraham Skorka, de Buenos Aires, e um dignatário muçulmano, Omar Ahmed Abboud, secretário-geral do Instituto de Diálogo Inter-religioso da República da Argentina.

“Entre os desafios que enfrentamos, há a situação política, há um despertar do fanatismo religioso, seja judeu ou muçulmano – que é mau para todos –, em todo o Médio Oriente. A minha resposta a esse despertar é a educação nas escolas, nas universidades, nos nossos encontros, na oração”, declara D. Fouad Twal.

O patriarca latino espera que o Papa “mude ao menos o coração dos homens”, dado ser impossível “mudar a situação imediatamente”.

[[v,d,4648,]]“A situação é muito complicada na Terra Santa. Esperamos que as pessoas não se contentem com a manifestação e o espetáculo da chegada do Papa, mas que tenham tempo de estudar profundamente os discursos do Santo Padre, que devem ser uma mensagem para os líderes políticos, para os crentes – crentes cristãos, muçulmanos e judeus”, precisa.

Esta será a segunda viagem fora da Itália de Francisco, após a visita ao Brasil em julho de 2013, e a quarta visita de um Papa à Terra Santa, após Paulo VI (1964), João Paulo II (2000) e Bento XVI (2009).

Francisco disse na audiência geral desta quarta-feira que a visita à Terra Santa será uma viagem “estreitamente religiosa”, para “rezar pela paz naquela terra que tanto sofre”.

OC

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