«Façam das necessidades dos outros a vossa felicidade», desafiou D. Manuel Clemente na jornada diocesana da juventude em Torres Vedras
Lisboa, 19 mai 2014 (Ecclesia) – O patriarca de Lisboa incentivou os participantes na jornada diocesana da juventude, em Torres Vedras, a criarem futuro para si e para o país “à maneira de Jesus Cristo”, com um coração sempre “disponível” para os outros.
“Habilitem-se o mais que possam, consigam o mais que puderem conseguir, legitimamente, mas sobretudo não desistam de participar, não desistam de abrir o coração aos outros, não desistam de olhar para quem está à vossa volta”, exortou D. Manuel Clemente.
Baseada no tema “Felizes os pobres em Espírito porque deles é o Reino dos Céus”, retirada da passagem bíblica das Bem-Aventuranças, a iniciativa juntou este domingo no Pavilhão Multiusos de Torres Vedras centenas de jovens vindos das 17 vigararias da Diocese de Lisboa.
Durante a sua reflexão, disponibilizada na página diocesana na internet, o patriarca procurou ajudar os mais novos a encontrarem pistas para uma vida verdadeiramente plena e realizada, numa altura em que muitos deles “olham para o futuro com grande interrogação”.
A expressão “felizes os pobres de Espírito” – apontou D. Manuel Clemente – não significa que Deus queira que os jovens desistam de “conseguir para si e para os outros aquilo que é necessário na sua vida”, mas antes que o façam colocando as suas “expetativas” nas pessoas e não na simples “acumulação” de bens materiais ou vitórias pessoais.
“Se fechamos o coração nas coisas morremos com as coisas e concretamente com as que nunca teremos, roídos de frustração porque pusemos a felicidade em coisas que não a mereciam”, alertou o patriarca lisboeta, sublinhando que o “salto” mais importante que os jovens poderão dar será “no ser” e não “no ter”.
“Deus é uma dádiva absoluta, por isso faz-nos existir e progredir num impulso constante para ser. Se fossemos um pouco mais parecidos com Deus, como Deus se mostra em Jesus, estas famigeradas crises deixariam de existir”, apontou.
D. Manuel Clemente desafiou os membros dos diversos grupos juvenis da Diocese a fazerem “nas suas comunidades, paróquias e movimentos” esta “experiência de estar uns com os outros, de não se fecharem em si próprios”, a fazerem das “necessidades dos outros também a sua felicidade”.
“Em cada grupo, cada um tem as suas responsabilidades”, lembrou.
Na sua mensagem aos mais novos, que incluiu um tempo de perguntas e respostas, o patriarca destacou o exemplo de figuras da Igreja Católica como o Papa João Paulo II, recentemente canonizado, e a Beata Madre Teresa de Calcutá, e partilhou ainda a história da sua própria vocação, que também não foi desprovida de “crises”.
“As crises podem ser muito negativas quando nos bloqueiam mas também podem ser crises de crescimento, que puxam por nós no sentido de que temos de dar um salto em frente”, frisou o patriarca de Lisboa.
JCP