Bispo lamenta «falta de visão» da Europa

D. António Marto convidou a olhar para lá dos mercados e pediu mudança de sistema económico

Fátima, Santarém, 12 mai 2014 (Ecclesia) – O bispo de Leiria-Fátima, D. António Marto, disse hoje que a Europa atual sofre de “falta de visão” e pediu aos futuros eurodeputados que sejam capazes de “ver todos, para lá do mercado”.

“A crise que a União Europeia atravessa, uma crise epocal, agudizada pela crise financeira, económica e social, não pode pôr em perigo o projeto europeu comum”, declarou o também vice-presidente da Conferência Episcopal Portuguesa, em Fátima, na apresentação da peregrinação internacional do 13 de maio.

Segundo o responsável, a atual crise é “um grito de alerta” no qual se afirma que “a democracia europeia precisa de ver todos para lá do mercado e por causa do mercado”, colocando o bem comum “acima dos interesses particulares”.

A intervenção fez referência às próximas eleições europeias, que vão decorrer no dia 25 deste mês, e à celebração do 10.º aniversário do alargamento da União Europeia aos países de Leste, “onde hoje a situação começa a ser periclitante”, em particular na Ucrânia.

O bispo de Leiria-Fátima é delegado da CEP na Comissão dos Episcopados Católicos da União Europeia (COMECE) e esteve reunido com outros delegados, em março.

“Esta crise tem consequências sociais, do ponto de vista do bem estar dos povos, e cultural. Sobretudo os países do leste sentem-se agredidos por determinadas legislações do Parlamento Europeu”, observou.

D. António Marto reforçou a ideia de que “a democracia na Europa precisa de virtudes”.

“Ficamos prisioneiros da lei do mercado e perderam-se os ideais fundadores da União Europeia, da paz do desenvolvimento integral, da solidariedade, de tal maneira que capitulamos diante do capitalismo financeiro, especulativo e bolsista, que coloca todos de joelhos”, disse.

O vice-presidente da CEP pediu uma “mudança de sistema económico” por considerar que o atual se tem “manifestado iníquo, sobretudo nas consequências da falta de trabalho que atinge gravemente as pessoas e as famílias”.

“Faço um apelo aos responsáveis políticos, para que discutam verdadeiramente os problemas europeus e não se fechem na política caseira de tipo eleitoralista, e aos cidadãos para que cada um assuma a sua responsabilidade. É um sinal triste este anúncio de um abstencionismo de 60% em toda a Europa, representa uma decadência”, alertou.

O bispo de Leiria-Fátima espera, por isso, que a campanha eleitoral que hoje se inicia ajude os responsáveis comunitários a perceber que “não se pode limitar” a União Europeia a uma “Europa dos mercados, mas tem de ter raízes espirituais, culturais e morais que sejam partilhadas”.

 D. António Marto defende a necessidade de promover os valores da “unidade” e “solidariedade” na Europa, com respeito pela “identidade cultural” de cada país.

PR/OC

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Agência ECCLESIA

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