Médio Oriente: Rabino e muçulmano acompanham o Papa na sua viagem à Terra Santa

Abraham Skorka e Omar Addoub trabalharam com Francisco a favor do diálogo inter-religioso, quando ainda era arcebispo de Buenos Aires

Jerusalém, Israel, 09 mai 2014 (Ecclesia) – O rabino Abraham Skorka e o dignatário muçulmano Omar Addoub, que trabalharam vários anos com o Papa Francisco a favor do diálogo inter-religioso na Argentina, vão acompanhá-lo agora na sua viagem à Terra Santa.

Numa entrevista publicada pelo Patriarcado Latino de Jerusalém, os dois responsáveis perspetivaram a visita apostólica, que vai decorrer entre 24 e 26 de maio e incluir passagens por Amã, Belém, Telavive e Jerusalém.

Para Abraham Skorka, atual reitor do Seminário Rabínico latino-americano de Buenos Aires, a deslocação do Papa à Terra Santa vai ser um “verdadeiro desafio”, já que “israelitas, palestinos, judeus, cristãos e muçulmanos esperam muito” do seu pontificado.

O rabino faz votos de que “com prudência e inteligência – uma vez que os habitantes desta região são muito apaixonados – Francisco possa deixar uma mensagem de paz e inspirar uma dimensão de paz para todos”.

“É evidente que isto não vai ser fácil. O Papa não poderá resolver todos os problemas, isso é impossível. Mas espero que possa deixar um sinal de paz aos povos”, reforça.

O muçulmano Omar Abboud, atual diretor do Instituto para o diálogo Inter-religioso de Buenos Aires, é também “um amigo de longa data de Francisco”, com quem colaborou “infatigavelmente” na aproximação das comunidades dos mais diferentes credos, presentes na capital argentina.

Segundo o antigo Secretário-geral do Centro islâmico da Argentina”, a ida do Papa à Terra Santa tem na sua génese muito do trabalho que Jorge Mario Bergoglio fez, enquanto cardeal, “no sentido de criar espaços para que uma cultura de encontro possa ver o dia”.

Apesar de ressalvar que Buenos Aires está significativamente distante, em termos geográficos e sociais, “das tensões do Médio Oriente”, o responsável muçulmano recorda como o Papa argentino sempre demonstrou estar ciente do caráter “preventivo” do diálogo.

Foi esse perfil, recorda Omar Abboud, que fez Francisco reunir judeus, protestantes e gregos ortodoxos na Catedral de Buenos Aires para rezarem pela paz, em novembro de 2012, durante mais um episódio de tensão e violência entre israelitas e palestinos na Faixa de Gaza.

A viagem do Papa à Terra Santa vai ficar marcada pela assinatura de uma declaração conjunta com o patriarca ecuménico (Igreja Ortodoxa) de Constantinopla, Bartolomeu, no âmbito dos 50 anos do encontro entre o Papa Paulo VI e o patriarca Atenágoras, em Jerusalém.

JCP

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