Vaticano: Papa lembrou genocídio do Ruanda e apelou à reconciliação do país africano, 20 anos depois

Francisco rezou ainda pelas vítimas do vírus Ébola

Cidade do Vaticano, 06 abr 2014 (Ecclesia) – O Papa Francisco evocou hoje no Vaticano o 20. Aniversário do início do genocídio no Ruanda, apelando à paz no país africano, durante a oração do ângelus.

“Vai decorrer amanhã [7 de abril] no Ruanda a comemoração do 20.º aniversário do começo do genocídio perpetrado contra os tutsi em 1994. Nestas circunstâncias, desejo exprimir a minha paterna vizinhança ao povo ruandês, encorajando-o a prosseguir, com determinação e esperança, o processo de reconciliação que já manifestou os seus frutos e o compromisso de reconstrução humana e espiritual do país”, declarou, perante dezenas de milhares de pessoas reunidas na Praça de São Pedro.

Francisco convidou os presentes a rezar, em conjunto, a Nossa Senhor de Kibeho, à qual confiou a população ruandesa.

“A todos digo: não tenhais medo! Construí a vossa sociedade sobre a rocha do Evangelho, no amor e na concórdia, porque só assim se gera uma paz duradoura”, disse o Papa aos habitantes do Ruanda.

A intervenção recordou a visita dos bispos do país africano ao Vaticano, na quinta-feira, dia em que os prelados se encontraram com o pontífice argentino.

Francisco recordou, nessa ocasião, o “terrível genocídio” no Ruanda e disse que ficaram “feridas que estão ainda longe de ficar cicatrizadas”.

 “Associo-me de todo o coração ao luto nacional”, declarou, antes de prometer a sua oração “pelos próprios bispos, pelas comunidades tão dilaceradas e por todas as vítimas e as suas famílias, por todo o povo ruandês, sem distinção de religião, de etnia ou de opção política”.

Segundo o Papa, duas décadas depois destes “trágicos eventos”, que provocaram cerca de meio milhão de mortes no confronto entre extremistas hutus e tutsis, “a reconciliação e a cura de feridas continuam a ser, por certo, a prioridade da Igreja no Ruanda”.

Ainda hoje, após a recitação do ângelus, Francisco pediu orações pelas vítimas do vírus Ébola, que afeta em particular a população da Guiné-Conacri e países vizinhos.

“Que o Senhor sustente os esforços para combater este início de epidemia e para assegurar cuidados e assistência a todos os necessitados”, apelou.

O vírus agora identificado é “do tipo Zaire”, a mais mortal entre as cinco estirpes que causam o Ébola, e nunca antes tinha sido detetado na África Ocidental.

O Papa assinalou também o 5.º aniversário do terramoto que sacudiu a localidade italiana de Áquila, rezando pelas vítimas e pelo “caminho de ressurreição” da população local.

“Que a solidariedade e o renascimento espiritual sejam a força da reconstrução material”, concluiu.

OC

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