Francisco deu entrevista a jovens belgas

Papa convida crentes e não crentes a lutarem juntos por um mundo centrado no ser humano

Cidade do Vaticano, 05 abr 2014 (Ecclesia) – O Papa Francisco convidou crentes e não crentes a um compromisso conjunto pela construção de um mundo em que cada ser humano esteja no centro, em vez do “poder” ou do “dinheiro”, numa entrevista a jovens belgas.

“Todos somos irmãos, crentes, não crentes, desta ou de outra confissão religiosa, judeus, muçulmanos… todos somos irmãos! O homem está no centro da história, e isso para mim é muito importante: o homem é o centro. Neste momento da história o homem foi tirado do centro, foi atirado para periferia e no centro – pelo menos agora – está o poder, o dinheiro”, referiu, em declarações transmitidas pelo canal VRT, da Flandres, reproduzidas hoje pelo site do Vaticano.

A entrevista foi concedida pelo Papa esta segunda-feira, no Vaticano, em resposta a um projeto de comunicação da Pastoral da Juventude flamenga.

Os jovens, incluindo uma agnóstica, foram acompanhados pelo bispo de Gent, D. Lucas Van Looy, e fizeram as perguntas em inglês, tendo Francisco respondido em italiano.

“Temos de trabalhar pelas pessoas, pelo homem e a mulher, que são imagens de Deus”, declarou.

O Papa explicou que os jovens são uma dos seus interesses centrais, porque representam “a semente que dará fruto”.

“Neste mundo, onde no centro está o poder, o dinheiro, os jovens foram expulsos. Foram afastadas as crianças – não queremos crianças, queremo-las cada vez menos, famílias pequenas: não se desejam crianças. Foram expulsos os idosos: tantos idosos morrem por uma eutanásia escondida, porque não se trata deles e morrem”, alertou.

Francisco revelou particular preocupação com o desemprego juvenil, referindo que nalgumas partes de Espanha chega atualmente aos 70%.

“Este é o momento da ‘paixão dos jovens’. Entramos numa cultura do descartável, aquilo que não serve para esta globalização, deita-se fora”, lamentou.

Os jovens questionaram Francisco sobre o motivo do seu “grande amor” pelos pobres, ao que o Papa respondeu que “o coração do Evangelho é o anúncio aos pobres”, aos que “têm necessidade de salvação, que precisam de ser acolhidos na sociedade”.

“Há dois meses ouvi que uma pessoa disse, a respeito deste discurso sobre os pobres, por ter essa preferência: ‘Este Papa é comunista!’ Não. Essa é uma bandeira do Evangelho, não do comunismo: do Evangelho! Mas a pobreza sem ideologia, a pobreza… E por isso creio que os pobres estão no centro do anúncio de Jesus. Basta ler o Evangelho. O problema é que essa postura em relação aos pobres foi ideologizada algumas vezes na história”, precisou.

A entrevista abordou questões ligadas à busca de Deus e a aprendizagem com os próprios erros, a vida política, a ação social, o diálogo com os não crentes ou a oração.

Francisco apresentou-se como uma pessoa “feliz”, de uma “felicidade tranquila” que é diferente da dos jovens, porque se liga a “uma certa paz interior, uma paz grande, felicidade, que chega com a idade, também”.

“Tenho um trabalho, um trabalho de pastor. Sou feliz porque encontrei o meu caminho na vida e segui-lo faz-me feliz”, explicou.

OC

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