Lisboa: Arcebispo filipino veio a Portugal falar dos desafios reconstrução do seu país

D. John Forrosuelo Du lembrou destruição de grande número de igrejas e força da fé num momento de grande dificuldade

Lisboa, 24 mar 2014 (Ecclesia) – O arcebispo filipino D. John Forrosuelo Du concluiu hoje uma visita a Portugal, a convite da Fundação Ajuda à Igreja que Sofre (AIS), para agradecer a ajuda portuguesa na reconstrução do país, atingido pelo tufão Haiyan em novembro.

Em declarações à Agência ECCLESIA, o prelado, da Arquidiocese de Palo, fala num dia “assustador, mesmo aterrorizante”, marcado pela morte e pela destruição.

A 8 de novembro de 2013, o Haiyan deixou um rasto de cerca de 8 mil mortos ou desaparecidos quando devastou a região central do arquipélago das Filipinas, destruindo mais de um milhão de casas.

O tufão, considerado como um dos mais fortes em terra e o segundo desastre natural mais mortífero da história recente das Filipinas, causou prejuízos na ordem dos 12,9 mil milhões de dólares (9,4 mil milhões de euros).

Muitos continuam a residir em abrigos temporários, após semanas de total isolamento por causa dos danos provocados pelo tufão, mas após uma primeira reação de tristeza, as pessoas começaram a responder, graças à sua fé. “

“Na sua maioria são pessoas pobres. Têm esta fé, esta confiança no Senhor e por causa dessa confiança, porque acreditam que o Senhor vai estar com eles, avançam, seguem em frente. No entanto, é uma situação de verdadeira miséria”, observa D. John Forrosuelo Du.

A Arquidiocese de Palo está situada numa das zonas mais afetadas: as casas, igrejas e a própria residência episcopal foram atingidas pelo vento, numa área de dezenas de quilómetros.

“Tenho 70 igrejas e cerca de 90 por cento ficou severamente danificada. Esta é a situação agora e estamos a tentar reconstruir as igrejas”, revela o arcebispo local.

As dioceses vizinhas têm procurado ajudar, mas só o auxílio de organizações internacionais pode levar à reconstrução.

“O meu problema, agora, é que todos se preocupam com as necessidades do povo, todos dizem que [a ajuda] é para fins humanitários. Quando se pede ajuda para as igrejas, para as capelas, que são muito importantes para o povo filipino – é um local onde se juntam, onde podem partilhar e ganhar forças, uns com os outros, é um local onde se pode planear e olhar em frente para a vida que vão viver – é muito difícil encontrar assistência, receber apoio para as igrejas”, lamenta D. John Forrosuelo Du.

O prelado filipino passou pela igreja da Encarnação, no Chiado, e pelo Colégio das Irmãs Vicentinas, no Campo Grande, em Lisboa, bem como pelo Santuário de Fátima.

Este último local foi particularmente significativo, dado que três dias após a tragédia, os católicos de Palo receberam a visita da imagem peregrina de Nossa Senhora de Fátima.

“Não tinha comida, estava sem água. Um grupo de jovens veio e chegou à minha à casa, a pé – não podiam usar o carro, porque a estrada estava cheia de destroços – e traziam-me a imagem peregrina de Fátima”, recorda o arcebispo.

“A imagem peregrina de Fátima que recebemos no terceiro dia deu-me a certeza de que Deus está connosco, a presença da mãe bendita deu-me a certeza do amor de Deus, de que não estava só. Estava quase a chorar, no meu coração estava muito consolado com a presença da imagem de Nossa Senhora de Fátima, por isso quando me convidaram, disse: Eu vou”, acrescenta D. John Forrosuelo Du.

PR/OC

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