D. Jorge Ortiga acompanhou congresso sobre São Bento, apelando à reflexão sobre o momento atual que os cristãos enfrentam
Terras de Bouro, Braga, 24 mar 2014 (Ecclesia) – O arcebispo de Braga acompanhou o congresso sobre São Bento que decorreu no santuário dedicado ao santo, em Terras de Bouro, sublinhando a “influência do cristianismo” na construção da Europa e alertando para o “laicismo”.
“Toca-nos propor a pessoa de Cristo e a sua incarnação nas pessoas humanas como elementos decisivos e fundamentais para um novo humanismo. A experiência cristã, respeitadora da liberdade humana, é capaz de interagir com religiões diferentes e culturas e visões do mundo diversificadas”, destacou D. Jorge Ortiga, na abertura dos trabalhos.
O responsável sublinhou a “influência do cristianismo na Europa, desde os primórdios dos Padres da Igreja e dos alvores do monarquismo”, que se manifestou “em inúmeras atividades humanas (arte, literatura, pintura, arquitetura, agricultura)” com uma matriz de índole espiritual.
O congresso que decorreu entre sexta-feira e sábado quis assinalar os 50 anos da proclamação de São Bento, pelo Papa Paulo VI, como patrono da Europa.
D. Jorge Ortiga advertiu para a passagem de uma “conceção do homem, como criatura criada e redimida por Deus em Cristo” para “um prescindir de Deus como autonomia e libertação da transcendência”.
“Sem dúvida que muitos tentaram idealizar uma liberdade independente de Deus acentuando a diferenciação interna ao humanismo que pretendia separar o que estava verdadeiramente unido”, observou.
Nesse sentido, o arcebispo de Braga falou do humanismo cristão como “uma pequena expressão minoritária, em confronto com os numerosos e diferenciados tipos de humanismo que pretendem fugir a qualquer tipo de referência evangélica”.
Situando São Bento num contexto de crise, depois da queda do Império Romano, o prelado disse que a celebração dos 50 anos sobre a sua proclamação como padroeiro da Europa “deveria provocar uma profunda reflexão”.
“Sabemos que existe uma visão do mundo não só marcada pela laicidade mas eivada de verdadeiro laicismo. Há medo da Igreja e são muitos os que não querem aceitar uma sadia liberdade religiosa capaz de criar as condições para que cada ser humano viva a sua experiência religiosa. Isto nota-se nas leis, nas atitudes de alguns governantes, na comunicação social”, advertiu.
D. Jorge Ortiga deixou votos de que São Bento da Porta Aberta seja” este estímulo para que a Igreja seja campo e experiência duma cultura do encontro”.
OC