Isabel Monteiro já foi magistrada, religiosa durante 25 anos e hoje está ao serviço da Cáritas diocesana de Setúbal
Lisboa, 22 mar 2014 (Ecclesia) – Isabel Monteiro está na Cáritas de Setúbal há nove anos e sente como uma missão e serviço à Igreja, onde tenta dar novas oportunidades às pessoas, como disse à Agência Ecclesia.
“Estou ao serviço da Igreja, faço o que posso e o que não posso” foi assim que Isabel Monteiro definiu a sua maneira de estar na Cáritas de Setúbal.
Depois de uma vida de magistrada do Ministério Público e 25 anos de vida consagrada, a trabalha na área social e na promoção das pessoas, a sua vida mudou.
“Além de trabalhar na promoção de pessoas também eu me sentia promovida porque, trabalhar com os mais pobres, dá-nos uma visão diferente da vida”, confessou.
Isabel Monteiro considera que o objetivo da Cáritas é a sua “missão evangelizadora” e que isso lhe basta para a “sacudir e fazer estar ali”.
“Evangelizar não é proselitismo é combater a exclusão social, as injustiças e anunciar que é possível um mundo novo”, diz a antiga magistrada.
No seu dia-a-dia recebe muitas pessoas que têm vergonha de se expor e Isabel Monteiro sente que se vive num mundo de fachada e a deixar “transparecer pouco o coração”.
“Isso transforma-se numa sociedade de hipocrisia e agressividade”.
Depois de deixar a vida religiosa Isabel Monteiro decidiu adotar uma criança e nela vê todos os meninos abandonados e maltratados e a ela se dedica inteiramente, para um dia “ela poder partilhar com os outros”.
“Não é possível distinguir a minha vida pessoal da profissional. Penso muito nas pessoas que atendo na Cáritas, levo-as no coração e vejo os rostos que me passaram pela frente”.
Isabel Monteiro sente que tem de contagiar todos os agentes da comunidade a olharem para os mais desfavorecidos, criarem uma “força renovadora” e deixarem os medos.
“Há muita gente que vive no medo, medo de perder o trabalhar, medo de falar, medo de perder a imagem, a confiança e sobretudo medo de criar respostas novas.
A sociedade mudou mas as respostas são as mesmas e hoje não há que criar respostas de betão nem de cimento mas do coração e acolhimento”, concluiu.
Uma entrevista que pode ser escutada na totalidade no programa da Igreja Católica, na Antena 1, este domingo, pelas 06h00.
LS/SN