D. Manuel Clemente diz ter ficado marcado pelo olhar positivo do falecido cardeal sobre a realidade
Lisboa, 13 mar 2014 (Ecclesia) – O patriarca de Lisboa disse hoje que o seu predecessor, D. José Policarpo, foi um homem de “grande profundidade” que deixou um “critério positivo” para olhar a realidade.
“Era um homem de grande profundidade na abordagem das coisas”, declarou D. Manuel Clemente aos jornalistas, à entrada da Sé Patriarcal, onde o corpo do cardeal, falecido esta quarta-feira aos 78 anos, se encontra em câmara ardente.
O também presidente da Conferência Episcopal Portuguesa evocou uma amizade de “meio século” com uma referência “muito próxima” e “entusiasmante”, desde o seu tempo de seminarista.
“D. José Policarpo fazia uma síntese muito bonita entre aquilo a que o Concílio chama os sinais dos tempos e a sua leitura, como pessoa muito lúcida, muito atenta aos acontecimentos. Ainda estávamos antes da mudança de regime, mas ele já tinha os critérios evangélicos para nos fazer perceber as coisas”, declarou.
O patriarca de Lisboa sublinha o “critério positivo” do seu predecessor na maneira de “observar os acontecimentos e tirar deles a melhor lição para o futuro”.
D. Manuel Clemente foi bispo auxiliar de D. José Policarpo, entre 1999 e 2007, sucedendo-lhe em maio de 2013.
“Foi marcante a sua perspetiva das coisas, a sua visão otimista e esperançosa, a sua capacidade de afirmar valores evangélicos e estar atento ao que sucede numa sociedade pluralista, em que nem toda a gente concorda com aquilo que a Igreja propõe”, declarou, falando neste “grande legado”.
O patriarca de Lisboa lembrou o humor e as “saídas repentistas” do falecido cardeal, que “se abria a qualquer interpelação” e tinha um “grande à vontade na expressão das suas opiniões”.
D. Manuel Clemente destacou ainda a “proximidade conhecida com o Papa Francisco” de D. José Policarpo, que foi criado cardeal no mesmo consistório do então arcebispo Jorge Mario Bergoglio.
D. José da Cruz Policarpo nasceu a 26 de fevereiro de 1936 em Alvorninha, Caldas da Rainha, território do Distrito de Leiria e do Patriarcado de Lisboa.
Padre desde 15 de agosto de 1961, foi ordenado bispo em 1978 (auxiliar de Lisboa), criado cardeal por João Paulo II em 2001 e participou em dois Conclaves: no de abril de 2005 que elegeu Bento XVI, e no de março de 2013, que acabou com a escolha do Papa Francisco.
O 16.º patriarca de Lisboa assumiu esta missão a 24 de março de 1998, após a morte de D. António Ribeiro, de quem era coadjutor desde março de 1997.
O corpo do cardeal chegou hoje à Sé de Lisboa, permanecendo em câmara ardente até à Missa de exéquias, esta sexta-feira, às 16h00.
OC