Transparência e desprendimento do poder

Diretor do Secretariado Nacional das Comunicações Sociais da Igreja analisa primeiro ano de pontificado do Papa Francisco

Lisboa, 12 mar 2014 (Ecclesia) – O diretor do Secretariado Nacional das Comunicações Sociais da Igreja, cónego João Aguiar Campos, considera que o Papa Francisco veio trazer ao mundo e à Igreja “transparência”, rejeitando a “tentação do poder”.

“Este Papa vem dizer ao mundo para ele olhar para a Igreja porque a Igreja está interessada na transparência e diz à Igreja para deixar de ter qualquer tentação de poder porque deve ser uma mãe, um hospital de campanha, que tem de viver de portas abertas para que alguém saia e entre”, disse em declarações à Agência ECCLESIA o cónego João Aguiar Campos.

“O Papa não apenas fala dos problemas como desafia, obriga os políticos a falarem desses problemas, toca o coração das pessoas. É um Papa que vai a Lampedusa, na Itália, e diz que a Europa tem de se abrir aos imigrantes, é um Papa que diz que o dinheiro é mau governante, é um Papa que diz à Igreja que é preferível viver enlameada e acidentada por ter saído para a estrada do que ser muito polida e a viver na comodidade”, acrescentou.

Na opinião do diretor do Secretariado Nacional das Comunicações Sociais da Igreja, “a resignação de Bento XVI ao seu pontificado despertou muita atenção dos meios de comunicação e é nessa concentração mediática que aparece um homem que vem de longe, tão simples, tão próximo como o Papa Francisco, o que manteve a atenção focada nele.”

“Francisco tem uma grande caraterística, é que ele comunica mais pelo que faz do que pelo que diz. Os fotógrafos têm de estar permanentemente atentos às surpresas constantes de um gesto dele, porque ele pode mandar parar um cortejo, pode pegar numa criança, pode dar boleia a alguém, pode subir as escadas de acesso ao avião com uma pasta debaixo do braço. Ele faz tudo isto, é a surpresa”, sublinha.

“A vantagem do Papa Francisco é a sua autenticidade, a espontaneidade com que ele se comporta e até como comunica, ele comunica com pequenas frases e os jornalistas ouvem o que ele diz e pensam: ‘que rico título’. Ele dá títulos mas fá-lo com a enorme simplicidade de alguém que era assim, que já comunicava assim”, disse o sacerdote em declarações que são hoje transmitidas no Programa ECCLESIA (RTP2, 18h00).

O cónego João Aguiar Campos acredita que há riscos “de se extrapolar esta atenção para uma ‘bergogliomania’” ou de se criarem “falsas expectativas morais e doutrinárias”, mas considera que “este é o momento chave para os crentes, desde o bispo mais dotado ao fiel leigo menos catequizado, se transformarem em imitadores reais e não em seguidores que simplesmente aplaudem”.

O primeiro ano de pontificado de Francisco, iniciado a 13 de março de 2013, está em destaque numa secção especial do portal da Agência ECCLESIA, com cronologia, comentários, vídeos e fotogalerias.

HM/MD

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