Igreja: Mensagem socioeconómica do Papa veio trazer aos cristãos «uma responsabilidade muito grande»

Presidente da Cáritas Portuguesa sublinha que a mudança de paradigma tem de envolver todos os católicos

Lisboa, 07 mar 2014 (Ecclesia) – O presidente da Cáritas Portuguesa defende que o pontificado do Papa Francisco, marcado por um cuidado especial pelos mais desfavorecidos, veio trazer aos cristãos “uma responsabilidade muito grande”.

Se o apelo que o Papa tem deixado, ainda recentemente “na carta que escreveu para a Quaresma”, para que “a Igreja seja sinal da misericórdia de Deus”, não chegar depois à vida das comunidades cristãs, ao serviço concreto ao “próximo”, então essa mensagem estará a ser “desacreditada”, sublinha Eugénio Fonseca.

Para aquele responsável, o primeiro pontífice sul-americano tem funcionado como um “profeta”, apontando com “muita clareza” um caminho, uma premissa, uma “missão” essencial “nesta hora da história do mundo e da Igreja”: a “união aos pobres, aos sofridos”.

Enquanto coordenador de uma organização católica voltada para a ação solidária e sociocaritativa, Eugénio Fonseca destaca a abordagem que o Papa Francisco tem feito ao atual paradigma económico e financeiro.

“O que ele evidencia é aquilo que a Doutrina Social da Igreja sempre quis realçar, que a economia é apenas um meio. E os decisores mundiais têm mobilizado todas as suas energias tornando a economia sempre num fim”, salienta.

“Tudo se pensa na oscilação dos mercados, como se eles fossem a meta da nossa felicidade”, no entanto, “de repente damos conta de que os próprios mercados e essas evoluções, essas variações, são tão obscuras, navegam em águas tão turvas, que nós não conseguimos descobrir o seu rosto, não têm rosto”, lamenta o presidente da Cáritas.

De acordo com aquele responsável, o que está aqui em causa, fundamentalmente, “é uma questão de opção”.

“Quando o Papa diz que os próprios que fomentam esta situação não são felizes”, recorda Eugénio Fonseca, “é porque quem aposta numa felicidade efémera, a partir do dinheiro, é como uma droga, tem o efeito que tem e depois deixa o vazio, as pessoas têm consciência que estes mecanismos que geram deixam rastos de mal e de sofrimento”.

Mudar esta realidade, que tem causado a milhões de pessoas “muitas lágrimas, muito sofrimento”, é uma meta que não pode estar só entregue ao “Bispo de Roma” por muito “assertiva” que seja a sua voz, reforça o membro do Conselho Económico e Social.

“Teremos grandes responsabilidades se não conseguirmos ir na senda do Papa Francisco, os economistas cristãos deveriam ter muito presente esta perceção e humanizar a economia, pôr os recursos económicos ao serviço das pessoas”, conclui.

JCP

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