Papa traça «perfil» dos bispos

Cidade do Vaticano, 27 fev 2014 (Ecclesia) – O Papa Francisco presidiu hoje no Vaticano à reunião da Congregação para os Bispos, organismo da Cúria Romana, e disse que quer ver “pastores” que respondam às necessidades das dioceses.

“Temos necessidade de alguém que nos vigie do alto, temos necessidade de alguém que nos olhe com a largura do coração de Deus: não nos serve um ‘manager’, um administrador delegado de uma empresa, muito menos alguém que esteja ao nível da nossa pequenez ou pequenas pretensões”, disse, fazendo-se eco das comunidades católicas, em relação aos bispos.

O Papa retomou as observações sobre os candidatos ao episcopado que tinha deixado num encontro com os núncios (representantes diplomáticos da Santa Sé), em junho de 2013, nas quais defendia que os bispos têm de ser pessoas “que amem a pobreza, interior como liberdade para o Senhor e também exterior, como simplicidade e austeridade de vida, que não sigam uma psicologia de ‘príncipes’”, evitando qualquer ambição por esta missão.

“Reafirmo que a Igreja tem necessidade de verdadeiros pastores”, disse hoje.

Francisco, que em setembro do último ano tinha falado em ‘bispos de aeroporto’, reafirmou esta manhã a importância da “assiduidade e quotidianidade” nesta missão.

“Penso que neste tempo de encontros e de congressos é muito atual o decreto de residência do Concílio de Trento [século XVI]: é muito atual e seria bom que a Congregação dos Bispos escrevesse alguma coisa sobre isso”, declarou.

O Papa disse que o ADN de cada bispo é marcado pela “coragem para morrer” em nome de Jesus, como aconteceu muitas vezes ao longo da história do Cristianismo, num testemunho que não é “isolado”, mas acontece “juntamente com a Igreja”.

“A renúncia e o sacrifício são conaturais à missão episcopal. E quero sublinhar isto”, declarou.

A intervenção passou em revista a evolução histórica da figura dos bispos e sustentou que “as pessoas já conhecem com sofrimento a experiência de muitas ruturas e têm necessidade de encontrar na Igreja a permanência indelével da graça do princípio”.

Francisco observou que o perfil de um bispo não se cinge à “soma” das suas virtudes e que a escolha de novos responsáveis diocesanos deve recair sobre pessoas “pacientes”, que sejam “defensores da doutrina”.

“Não para medir quão distante vive o mundo da verdade que ela [doutrina] tem, mas para fascinar o mundo, para o encantar com a beleza do amor, para o seduzir com a oferta da liberdade dada pelo Evangelho”, precisou.

Segundo o Papa, a Congregação para os Bispos tem como missão “identificar os que o próprio Espírito Santo coloca na frente da sua Igreja”, tendo em mente as “necessidades das Igrejas particulares”.

“Temos de ir para além das nossas eventuais preferências, simpatias, pertenças ou tendências para entrar na largura do horizonte de Deus e encontrar estes portadores do seu olhar do alto”, prosseguiu.

Francisco deixou votos de que os membros da Congregação sejam marcados pelo “profissionalismo, serviço e santidade de vida”.

OC

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