Bento XVI contesta especulações «absurdas»

Papa emérito respondeu a questões do jornal italiano «La Stampa» e manifesta apoio a Francisco

Cidade do Vaticano, 26 fev 2014 (Ecclesia) – O Papa emérito Bento XVI considera “absurdas” as posições que questionam a autenticidade da sua renúncia ao pontificado e manifestou o seu apoio e “amizade” a Francisco, numa carta hoje publicada pelo jornal italiano ‘La Stampa’.

A missiva surge em resposta a questões levantadas pelo periódico, cerca de um ano depois da resignação do Papa alemão, cujo pontificado se concluiu a 28 de fevereiro de 2013, num momento em que se multiplicaram comentários sobre uma suposta ‘diarquia’ no Vaticano, ou seja, um duplo governo, e insinuações de que teria sido ‘forçado’ a renunciar.

“Não há dúvidas sobre a validade da minha renúncia ao ministério petrino. A única condição para a validade é uma liberdade plena da decisão. As especulações sobre a invalidade da renúncia são simplesmente absurdas”, afirma Bento XVI, em resposta a perguntas formuladas por escrito pelo jornal.

O Papa emérito, que apresentou a sua renúncia, em latim, durante um encontro com cardeais a 11 de fevereiro do último ano, explica ainda porque é que continua a vestir-se de branco.

“Manter o hábito branco e o nome de Bento é algo simplesmente prático. No momento da renúncia, não havia outras roupas à disposição. Além disso, uso o hábito branco de uma forma claramente distinta da do papa. Nisto também se trata de especulações sem fundamento”, precisa.

Bento XVI participou este sábado pela primeira vez numa celebração na Basílica de São Pedro, presidida pelo seu sucessor, acompanhando o consistório para a criação de 19 cardeais numa zona lateral do presbitério.

Francisco abraçou o seu predecessor, que tirou o solidéu, em sinal de respeito.

O Papa emérito confirma, por outro lado, a veracidade das citações de uma carta que enviou ao teólogo alemão Hans Küng.

No texto em causa, Bento XVI escreve: “Estou grato por poder estar vinculado por uma grande coincidência de opiniões e uma amizade de coração ao Papa Francisco. Considero que o meu único e último dever é apoiar o pontificado por meio da oração”. 

Desde a sua renúncia, o Papa emérito só apareceu em público na companhia do seu sucessor e limitou as audiências de grupo e individuais que concede, continuando a estar acompanhado pelas quatro leigas consagradas que o serviram durante o pontificado e pelo seu secretário particular, D. Georg Gaenswein, atual prefeito da Casa Pontifícia, para além do seu irmão, monsenhor Georg Ratzinger.

O porta-voz do Vaticano, padre Federico Lombardi, tinha reagido na última semana à publicação de um livro intitulado ‘O homem que não queria ser Papa’ (L’homme qui ne voulait pas être Pape), uma investigação de Nicolas Diat sobre Bento XVI.

O diretor da sala de imprensa da Santa Sé emitiu uma nota em que lamenta o rumo tomado pela obra, frisando que a mesma deixa a impressão de que o Papa emérito “estava rodeado por demónios”.

OC

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