Jovem padre Tiago Freitas recorda como foi viver em Roma na altura do anúncio da renúncia
Lisboa, 06 fev 2014 (Ecclesia) – O padre Tiago Freitas vive em Roma há 4 anos e conta à Agência ECCLESIA como viveu a cidade a renúncia de Bento XVI, um homem que na sua opinião “quis sempre purificar a Igreja”.
“Foi alguém com verdade, com determinação, que enfrentou todos os problemas procurando acima de tudo trazer a verdade para purificar a Igreja”, disse o sacerdote, a concluir um doutoramento em Teologia Pastoral.
Bento XVI teve de lidar com vários escândalos durante o seu pontificado e o padre Tiago Freitas acredita que a forma como o Papa emérito agiu perante situações difíceis “foi sempre de louvar”.
“Ele tomou ações concretas para purificar a Igreja, sobre a pedofilia por exemplo afastou cerca de 400 padres e criou uma comissão e uma seção no site do Vaticano para falar sobre a defesa das crianças, já sobre o ‘vatileaks’ também criou uma comissão e houve um inquérito para averiguar o que se passou”, sublinha.
O jovem sacerdote da Arquidiocese de Braga lembra que a cidade de Roma “ficou em sobressalto” nos momentos seguintes à renúncia de Bento XVI, a 11 de fevereiro de 2013.
“No dia em que Bento XVI partiu para Castel Gandolfo, nós aqui no Colégio Português, onde vivo, fomos para o terraço e vimos o papa partir de helicóptero e foi possível ver como Roma se reuniu toda para se despedir do Papa”, recorda.
Na semana seguinte a essa partida o padre Tiago Freitas sentiu “que a cidade vivia em silêncio, mesmo estando cheia, com muitos turistas como é habitual”.
Ao analisar o pontificado de Bento XVI este sacerdote português destaca o incremento do ‘Átrio dos Gentios’ algo que “foi uma preocupação em criar um diálogo principalmente com o mundo dos descrentes” sendo por isso “uma iniciativa que não foi um gesto ao acaso, foi sim um maturar de toda a sua teologia e o seu modo de pensar esta problemática”.
O ‘Átrio dos Gentios’ permitiu “abrir uma nova porta e um novo sentimento da Igreja perante estas pessoas” fazendo com que os “não crentes não sejam vistos como opositores da Igreja” mas sim como “alguém que deve ser acompanhado”.
Em 2012 Bento XVI abre uma conta na rede social Twitter, “um gesto inevitável” na opinião do jovem sacerdote.
“Muito da experiência e do dia-a-dia das pessoas passa pelos meios de comunicação, pelas redes sociais” e a decisão de abrir uma conta no Twitter em nome de Bento XVI foi algo “que teve um impacto como nenhum outro líder de um estado ou figura pública teve”, concluiu o padre Tiago Freitas.
O programa ECCLESIA na Antena 1 (22h45) está a evocar esta semana o anúncio da renúncia de Bento XVI ao pontificado, com análises de vários convidados.
SN/MD