O papel do Cristianismo no futuro da Europa

Em vésperas da reunião do Conselho europeu e da Conferência Inter-Governamental, os secretários das Conferências episcopais da Europa publicam as conclusões do seu encontro em Belgrado, de 10 a 13 de Junho, onde se discutiu o papel do Cristianismo e das Igrejas na Europa. Para os prelados, há sinais que indicam para a necessidade de uma redescoberta do Evangelho no nosso Continente, visível no debate sobre as raízes cristãs da Europa, no medo diante do terrorismo ou nas novas formas de espiritualidade. Nesse sentido, as Conferências Episcopais da Europa apontam uma série de experiências recentes que exprimem simbolicamente as novas possibilidades que hoje se abrem ao Cristianismo: a peregrinação a Santiago de Compostela, em Abril passado, o encontro ecuménico de Estugarda, em Maio, a grande peregrinação dos povos a Mairazell (Áustria), também em Maio, bem como a visita do Papa à Suíça, de 5 a 6 de Junho. “Há na Europa um povo cristão, para além de qualquer barreira, e a Europa pode sentir-se feliz por isso”, asseguram os Bispos europeus. Os líderes católicos vincaram ainda a importância de um bom relacionamento entre a Igreja e as instituições europeias, destacando a proposta de “diálogo transparente e regular” contida no projecto de Constituição Europeia. Esse texto deverá ser aprovado no encontro de 17 e 18 de Junho, que juntará os chefes de Estado e de Governo da UE. A presidência irlandesa da UE não propôs nenhuma referência ao Cristianismo no projecto de Constituição para a UE que foi transmitido aos 25 Estados-membros. A presidência da UE explica que “nenhum consenso foi obtido” em favor da inserção de uma referência expressa à “herança cristã ou judeo-cristã” da Europa no preâmbulo da Constituição. Portugal e outros seis Estados-membros da UE lançaram em Maio uma iniciativa em favor da inscrição de uma referência ao Cristianismo no futuro Tratado Constitucional. A informação foi avançada por responsáveis do Governo polaco, um dos países que mais se tem batido por esta causa. A lista de signatários inclui ainda a Itália, Lituânia, Malta, Polónia, República Checa e Eslováquia. No início do mês de Maio, mais de um milhão de assinaturas, apelando a uma referência ao legado judaico-cristão no preâmbulo do futuro Tratado Constitucional da União Europeia, foram entregues à presidência irlandesa da UE. O movimento em torno da petição popular lançada em Outubro passado chegou ao número de 1.066.258, entre as quais se incluem 75 mil assinaturas portuguesas. Na última proposta da presidência da União é feita referência às “heranças culturais, religiosas e humanistas” da Europa que já figurava no preâmbulo proposto pela Convenção Europeia, presidida por Valéry Giscard d’Estaing. João Paulo II, os Bispos católicos de toda a UE e as outras Igrejas Cristãs do Continente têm exigido a referência ao Cristianismo no futuro Tratado Constitucional Europeu. Para o Papa, o Evangelho “não é só uma riqueza do passado da Europa, é também uma ajuda para o presente e o futuro”. O líder da Igreja Católica tem sublinhado o importante papel do Cristianismo na história da Europa, recordando que o encontro entre o Evangelho e as culturas fez com que a Europa se tornasse um laboratório, onde, ao longo dos séculos, se consolidaram valores significativos e duradouros. Segundo João Paulo II, as raízes cristãs da Europa asseguram aos cidadãos do continente uma identidade que não é efémera ou meramente baseada em interesses políticos e económicos, mas antes em valores profundos e imperecíveis. Notícias relacionadas • Giscard d’Estaing pede acordo definitivo sobre o Tratado Constitucional da UE

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