Coordenadora dos bens culturais e religiosos da Diocese de Viseu critica «maus trabalhos de restauro» e pede mais atenção à formação
Lamego, Viseu, 24 jan 2014 (Ecclesia) – A coordenadora do Departamento para os Bens Culturais, Patrimoniais e Arte Sacra da Diocese de Viseu considera que “o maior flagelo” nesta área é a falta de recursos humanos qualificados.
Maria de Fátima Eusébio defendeu esta posição durante uma ação de formação sobre “Os cuidados a ter com a salvaguarda do património religioso”, no Museu de Arte Sacra da Diocese de Lamego.
Segundo a edição mais recente do semanário “Voz de Lamego”, aquela especialista referiu a uma plateia de agentes pastorais ligados ao setor que a missão de cuidar e restaurar o património “não pode” ficar a cargo de pessoas “sem competências”.
“Os maus trabalhos de restauro” representam atualmente uma ameaça “mais” séria “do que o vandalismo provocado por quem gosta de destruir, furta a arte sacra ou anda em busca das ofertas das caixas de esmolas”, apontou Maria de Fátima Eusébio.
Neste campo, a coordenadora do património religioso e cultural da Diocese de Viseu salientou ainda que, além de uma aposta na formação, é urgente realizar “um trabalho de educação e sensibilização para que se corrijam determinados hábitos”.
A “colocação de vasos e flores de plástico nos altares das Igrejas, o exagero dos arranjos florais e a colocação de mantos em imagens de madeira” foram alguns dos (maus) exemplos apontados.
Na ação de formação, sacerdotes, membros dos Conselhos Económicos e Pastorais Paroquiais, entre outros responsáveis, foram também alertados para a importância de apostar na educação das comunidades, para melhor poderem usufruir dos espaços e dos tesouros religiosos.
Maria de Fátima Eusébio recordou que “os espaços de culto foram concebidos tendo em vista a evangelização, a utilização pastoral”, uma “dimensão” que “começa a ficar esquecida”.
“Já são muitos aqueles que, diante de uma imagem, de um símbolo, não conseguem entender. Assim, não basta preservar e divulgar, também é preciso clarificar a função ou o significado dos bens em causa”, apontou.
A iniciativa realizada no último sábado ficou também marcada pela apresentação de um catálogo dedicado à exposição “Igreja de Lamego. A dimensão da Fé”, patente no Museu diocesano.
O padre Joaquim Correia Duarte, membro da Academia de História, foi o orador de serviço numa “viagem” às origens da diocese, com “quase quinze séculos” de existência.
A mostra, constituída por “48 peças, devidamente catalogadas e divididas de acordo com a sua proveniência”, aborda o desenvolvimento da Igreja Católica lamecense a partir de quatro realidades: a Mitra, o Cabido, as Paróquias e os Mosteiros.
JCP