José Eduardo Borges de Pinho diz que faltam decisões como integração da Igreja Católica no Conselho Ecuménico das Igrejas
Lisboa, 25 jan 2014 (Ecclesia) – O professor universitário José Eduardo Borges de Pinho afirmou que o reconhecimento mútuo do batismo por parte das Igrejas cristãs em Portugal é um “pequeno” sinal que precisa de expressões maiores, mas significa um “passo em frente” para decisões futuras.
“Este reconhecimento mútuo representa um passo em frente e um abrir os nossos olhos para tomar as decisões que vêm a seguir, que não serão amanhã, mas que nos são pedidas”, afirmou à Agência ECCLESIA o docente da Universidade Católica Portuguesa.
Representantes das Igrejas Católica, Lusitana, Presbiteriana, Metodista e Ortodoxa (Patriarcado Ecuménico de Constantinopla) vão assinar este sábado, em Lisboa, uma declaração de reconhecimento mútuo do Batismo.
A assinatura é no entender de Borges de Pinho um passo “pequeno”, mais significativo “internamente do que exteriormente”.
“É evidente que se nos chamamos cristãos e desde que o Batismo seja realizado dentro das condições normais e básicas do seguimento de Jesus, à luz da tradição da Igreja, o reconhecimento não deveria ser alvo de qualquer problema ou discussão. Há aqui algo mais de simbólico do que de grande acontecimento”, explica.
O teólogo adianta que “um sinal concreto” seria a integração da Igreja Católica no Conselho Ecuménico das Igrejas (CEI), em ordem a uma “cooperação explícita e institucionalmente estabelecida”.
O Conselho Ecuménico das Igrejas, nascido em 1948, congrega atualmente cerca de 350 Igrejas e comunidade eclesiais, e funciona segundo regras de representatividade numérica das Igrejas.
“Se a Igreja Católica entrasse, segundo essas regras, esmagaria o órgão”, esclarece o docente, sublinhando que mantendo a função de “ser um instrumento ao serviço da unidade cristã”, tem de ser encontrada “outra forma menos organizacional” do CEI, “para que os cristãos de todo o mundo dialoguem”.
Para Eduardo Borges de Pinho, professor de Eclesiologia e especialista em questões ecuménicas, é de lamentar que as Igrejas cristãs em Portugal não tenham tomado “uma posição comum”, “diante da realidade social e económica” que o país atravessa, por entender que “apesar da diferença confessional” há “sensibilidades comuns”.
Na realidade portuguesa, a dinâmica ecuménica é vista como menor, dada a expressão católica, e é encarada por uns numa perspetiva de “complexo de maioria” e por outros num “complexo de minoria”.
“Os católicos convencidos da verdade da fé, não têm sensibilidade para olhar para a realidade e valorizar a diferença; os cristãos não católicos, no passado vítimas de situações injustas, assumem uma atitude mais polémica e facilmente entram em adjetivações sobre o Papa ou sobre a devoção mariana, num complexo de minoria”, precisa.
José Eduardo Borges de Pinho sustenta que a convicção “alargada, consensual, praticada e sentida pelos cristãos” de que “estão unidos em Igreja” terá como consequência a noção de que “mais passos podem e têm de ser dados para que, um dia, a celebração comum da Eucaristia seja possível”.
A declaração de reconhecimento mútuo do Sacramento do Batismo vai ser assinada por representantes da Igreja Católica Romana, da Igreja Lusitana Católica Apostólica Evangélica, da Igreja Evangélica Metodista Portuguesa, da Igreja Evangélica Presbiteriana de Portugal e da Igreja Ortodoxa do Patriarcado Ecuménico de Constantinopla.
A assinatura vai acontecer durante a celebração ecuménica nacional, na catedral Lusitana (Igreja Anglicana) de São Paulo, com início marcado para as 18h00, na presença de D. Manuel Clemente, patriarca de Lisboa e presidente da Conferência Episcopal Portuguesa, que vai propor uma reflexão após a Liturgia da Palavra.
LS/OC