Cardinalato «não significa uma promoção»

Papa Francisco enviou uma carta aos novos cardeais que vai criar a 22 de fevereiro pedindo sobriedade e simplicidade

Cidade do Vaticano, 13 jan 2014 (Ecclesia) – O Papa enviou uma carta aos 19 futuros cardeais que vai criar no próximo dia 22 de fevereiro, para pedir-lhes que recebam esta designação com “um coração simples e humilde”.

“O cardinalato não significa uma promoção nem uma honra nem uma condecoração, é simplesmente um serviço que exige ampliar o olhar e alargar o coração”, escreve Francisco, numa missiva divulgada hoje pelo Vaticano.

A carta foi assinada este domingo, dia em que o Papa anunciou, após a recitação do ângelus, a lista de 16 novos cardeais eleitores, vindos de 12 países, e de outros três com mais de 80 anos.

Segundo Francisco, para “poder olhar mais longe e amar mais universalmente com maior intensidade”, cada cardeal deve “seguir o mesmo caminho do Senhor: o caminho do abaixamento e da humildade, tomando a forma de servo”.

O Papa pede ainda aos novos cardeais que, ao manifestarem a sua alegria por causa da sua criação, evitem “qualquer expressão de mundanidade, qualquer festejo alheio ao espírito evangélico de austeridade, sobriedade e pobreza”.

A carta conclui-se com o convite à presença nos dois dias de “reflexão sobre a família” que começam a 20 de fevereiro, com a participação dos cardeais de todo o mundo.

Apesar de haver referências anteriores ao título, é no século XI que os cardeais passam a ter uma função mais próxima do que são hoje: conselheiros específicos que podem ser consultado em determinados assuntos quando o Papa o desejar, pessoal ou colegialmente.

Paulo VI (1897-1978) fixou em 120 o número de cardeais eleitores do Papa e estabeleceu como idade limite para a possibilidade de votar os 80 anos, disposições que foram confirmadas por João Paulo II (1920-2005) e Bento XVI que, pontualmente, excederam o número estabelecido, derrogando a norma.

Cada cardeal é inserido numa ordem própria (episcopal, presbiteral ou diaconal), tradição que remonta aos tempos das primeiras comunidades cristãs de Roma, em que os cardeais eram bispos das igrejas criadas à volta da cidade (suburbicárias) ou representavam os párocos e os diáconos das igrejas locais.

Em 1334 havia 20 cardeais, em vez dos 70 instituídos em 1586 pelo Papa Sisto V: esse número manteve-se durante quatro séculos até João XXIII (1958-1963).

Bento XVI criou 90 cardeais, 67 dos quais ainda eleitores, incluindo o português D. Manuel Monteiro de Castro, penitenciário-mor emérito da Santa Sé, em fevereiro de 2012.

O Colégio Cardinalício vai passar a ter, no dia 22 de fevereiro, 218 cardeais vindos de 68 países (53 com cardeais eleitores), entre eles Portugal, representado por D. José Saraiva Martins, prefeito emérito da Congregação para as Causas dos Santos (com mais de 80 anos), D. Manuel Monteiro de Castro e D. José Policarpo, patriarca emérito de Lisboa, estes dois últimos com estatuto de eleitores.

A Europa terá metade (61 cardeais) do número total de eleitores, seguindo-se a América (34, 15 do Norte e 19 da América Latina), África e Ásia (13 cada) e Oceânia (1).

Os países mais representados são a Itália (29 cardeais eleitores); Estados Unidos da América (11); Alemanha, Brasil, Espanha e Índia (5 cada), representando quase metade do total de eleitores.

Até final de 2014, dez cardeais vão completar 80 anos de idade.

OC

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