Música: «Orquestra Geração» cresce em Portugal

Projeto tem ajudado a melhorar desempenho escolar

Lisboa, 08 jan 2014 (Ecclesia) – O coordenador do projeto social “Orquestra Geração”, António Wagner Diniz, revelou em entrevista à Agência ECCLESIA que as crianças que frequentam esta iniciativa revelam uma maior integração e têm melhor aproveitamento escolar.

“Nas turmas onde os alunos frequentam a orquestra o desempenho aumenta e o abandono escolar diminui”, afirma.

O projeto é a aplicação em Portugal de uma metodologia que existe já desde 1973 na Venezuela chamado genericamente por ‘el sistema’, que consiste em “proporcionar o ensino artístico a uma vasta quantia de crianças em zonas que não tem acesso a esse ensino e através do ensino artístico especialmente da orquestra fazer também uma autopromoção social dessas crianças e dessas comunidades”, declara António Wagner Diniz.

“Usamos uma metodologia que à medida que vão passando os anos vamos verificando o aumento da capacidade de concentração dos alunos porque estão a fazer algo que gostam em conjunto 7 horas por semana e esse aumento de concentração espelha-se em resultados também no desempenho escolar”, explica.

O projeto começou com 15 crianças e neste momento já abrangem 900, do primeiro ciclo ao 9.º ano de escolaridade.

“A criança logo desde o início tem o instrumento na mão e pode imitar o professor o que cria uma grande empatia desde logo da criança com que aquilo que está ali a fazer” e esse é um entusiasmo, que na opinião do coordenador do projeto, ultrapassa o fato de ser tocado música clássica ou outro tipo de música.

A ‘Orquestra Geração’ adapta-se a cada comunidade, sendo que se por exemplo “a comunidade de alunos for maioritariamente cabo-verdiana a orquestra toca mornas (música tradicional de Cabo Verde), se há crianças de etnia cigana também se tocam músicas ciganas”, explica António Wagner Diniz.

“A música é uma forma de congregar toda uma série de crianças para um objetivo comum” e a continuidade do ensino faz com que “as crianças desenvolvam capacidades que não desenvolveriam de outra forma que lhes vão servir para a vida inteira”.

Este “projeto de índole social” pretende “promover a vida das crianças e das suas comunidades através da música”, observa o coordenador.

Os concertos que o projeto tem apresentado “contam sempre com 100 crianças pelo menos”, porque isso “galvaniza não só as crianças como o público”.

Em Portugal, o objetivo é “criar uma rede nacional de orquestras nacionais”, algo que já “funciona na Venezuela e na Argentina”, um sonho que enfrenta a insegurança financeira que não permite saber se o projeto tem continuidade de ano para ano, dado que os apoios variam e dependem “essencialmente do Ministério da Educação, das câmaras municipais e de vários patrocinadores”.

“Este projeto já provou a sua eficácia e seria interessante levá-lo a todo o país o que daria até emprego também a professores atualmente desempregados”, conclui António Wagner Diniz.

HM/MD

 

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