Sudão do Sul: Igreja junto das populações

Missionário comboniano descreve clima de tensão em país marcado por conflitos

Lisboa, 07 jan 2014 (Ecclesia) – O padre Raimundo Rocha, missionário comboniano no Sudão do Sul revela que “a Igreja tem sido protetora, guia e mediadora” na crise que atinge o país.

“Já se passaram quase vinte dias desde que os conflitos se iniciaram em Juba (capital do Sudão do Sul) e ficou bem claro que se trata de uma crise política profunda que ganhou um tom forte de tribalismo, isto porque os dois principais líderes envolvidos pertencem às duas maiores tribos do país”, destaca o sacerdote, num depoimento publicado no portal dos missionários combonianos em Portugal.

Segundo o sacerdote, a situação é “tensa e de muita ansiedade e incertezas” no mais jovem país de África.

No dia 15 de dezembro de 2013 iniciaram-se no Sudão do Sul conflitos armados entre forças de segurança do Estado e milícias rebeldes, levando a que mais de 23 mil pessoas fugissem da violência para o Uganda, país vizinho, informa a ONU.

A instabilidade política no país africano não é um “conflito tribal”, mas “uma guerra por poder que vem de muito longe e quem paga caro é a população inocente e desprotegida, também muitas vezes manipulada”, lamenta o padre Raimundo Rocha.

“Até ao momento falam-se em mais de mil mortos e cerca de 180 mil que deixaram suas casas e se refugiaram nas bases da ONU, igrejas ou no meio do mato; muitas dessas pessoas, entre as quais muitas mulheres e crianças, têm acesso a pouca comida, não têm água e o risco de adoecerem é muito grande”, alerta.

O missionário comboniano denuncia que nas cidades onde houve conflitos o número de mortos “é alto, muito maior do que o de feridos e refugiados”.

“Houve saques e muita destruição, não se sabe quando os refugiados poderão voltar para as suas casas porque temem ser mortos pelos rebeldes ou por membros de tribos rivais”, prossegue.

O sacerdote diz ainda que os trabalhos pastorais foram “seriamente comprometidos” que “há comunidades que não recebem visita pastoral há mais de ano”.

O padre Raimundo Rocha lamenta “que a nação mais jovem do mundo, com apenas dois anos e seis meses de independência e uma das mais pobres do mundo, tenha de passar por toda essa situação dolorosa de sofrimento, violência e morte”.

“Os pobres agora estão mais pobres e mais vulneráveis ainda, nesta altura a luta de muita gente é por sobrevivência e proteção”, conclui.

MD

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