Paquistão: Cristã que arrisca pena de morte escreveu ao Papa

Lisboa, 07 jan 2014 (Ecclesia) – A cristã paquistanesa Asia Bibi, condenada à morte por ter alegadamente blasfemado contra o Islão, escreveu ao Papa Francisco para lhe agradecer pelas suas orações e dar conta das dificuldades que enfrenta.

“Santo Padre, queira aceitar os meus melhores votos para o ano novo. Sei que o senhor reza por mim com todo o coração e isso dá-me a confiança de que um dia a minha liberdade será possível”, refere, numa carta divulgada pelo jornal católico italiano ‘Avvenire’.

A sentença contra Asia Bibi, mãe de cinco filhos, foi divulgada em outubro de 2010 por um tribunal de Nankana, a cerca de 75 quilómetros de Lahore, capital cultural do país.

O caso remonta a junho de 2009, quando mulheres muçulmanas que trabalhavam com Asia Bibi foram ver um responsável religioso e acusaram a cristã de proferir blasfémias contra o profeta Maomé.

O observatório para a liberdade religiosa no mundo da Fundação Ajuda à Igreja que Sofre (AIS) afirma a respeito do Paquistão que “o pior instrumento de repressão religiosa é a lei da blasfémia, a qual continua a causar cada vez mais vítimas”.

Esta lei refere-se na realidade ao Artigo 295, B e C, do Código Penal paquistanês. A secção B refere-se a ofensas contra o Alcorão que são puníveis com prisão perpétua; a secção C refere-se a atos que enxovalham o profeta Maomé, puníveis com prisão perpétua ou com a morte.

Asia Bibi passou o Natal na prisão de Multan, onde espera por uma sentença definitiva, após ter recorrido da decisão do tribunal.

“Gostaria de ter estado em São Pedro para passar o Natal e rezar junto a si, mas tenho confiança no projeto que Deus tem para mim e espero poder realizá-lo no próximo ano”, escreve ao Papa.

A cristã paquistanesa mostra-se “muito agradecida” a todas os que estão a rezar por si e lutam pela sua libertação.

“Se ainda estou viva, é graças às forças que as suas orações me dão”, confessa.

Asia Bibi refere que a sua cela não tem “aquecimento nem uma porta adequada” para a proteger do frio e que “as medidas de segurança também não são adequadas”, lamentando ainda a distância de Lahore, onde vive a sua família.

O Papa emérito Bento XVI lançou um apelo público à libertação desta cristã a 17 de outubro de 2010, na Praça de São Pedro.

“Peço que lhe seja restituída a plena liberdade, o mais rapidamente possível, e rezo pelos que se encontram em situações análogas, para que a sua dignidade humana e direitos fundamentais sejam plenamente respeitados”, disse.

OC

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