Família: Igreja procura chegar junto das periferias

Acompanhamento pastoral de recasados e homossexuais foram questões levantadas no questionário preparatório do próximo Sínodo dos Bispos

Lisboa, 28 dez 2013 (Ecclesia) – O padre José Manuel Pereira de Almeida, pároco em Lisboa, espera que as Igrejas locais possam promover serviços que ajudem a trabalhar com “as periferias”, numa atenção a quem se encontra em situação familiar “irregular”.

O sacerdote, responsável pela Paróquia de Santa Isabel, no Patriarcado de Lisboa, afirma à Agência ECCLESIA que é necessário que se criem “serviços que apoiem as dioceses nesta atenção a todas as periferias” da vida familiar.

O responsável afirma não existirem “cristãos de primeira ou de segunda”, mas pessoas que concretizam a “história da salvação”, pois “o caminho para viver a vida humana está acessível a todos”.

O padre José Manuel Almeida comentava o inquérito dirigido a todas as paróquias numa consulta sobre as principais questões ligadas à família e ao casamento, cujos resultados, recolhidos a nível mundial, serão considerados para o instrumento de trabalho da III Assembleia Geral Extraordinária do Sínodo dos Bispos, marcada para outubro de 2014, no Vaticano.

A Igreja Católica reconhece novos “desafios” na sua missão evangelizadora, querendo com o inquérito aferir a realidade local em questões como o matrimónio, a pastoral familiar, a união entre pessoas do mesmo sexo, os divorciados recasados, a abertura dos casais à vida e a educação dos filhos.

O pároco de Santa Isabel dá conta de “sinais” e de um “pensar global sobre a evangelização” que deve chegar “aos pastores que, com os seus colaboradores, vão ter de possibilitar novos espaços e caminhos”.

Também em Santa Isabel, Soledade Carvalho Duarte e João Virotte da Costa, procuram através do grupo ‘Reparar’ acolher divorciados recasados, casais “a atravessar uma fase menos boa no seu casamento ou a viver uma separação”.

“O que as pessoas procuram no Reparar é inclusão e sentir-se em Igreja”, explica Soledade recordando os seus sentimentos quando, depois de terminar um casamento de 16 anos e de uma vivência diária da Eucaristia ao longo de toda a sua vida, deixou de poder aceder aos sacramentos da comunhão e reconciliação.

O padre José Manuel assinala a importância da partilha entre pessoas “com histórias acidentadas”, mas que “encontraram o seu lugar na Igreja e fazem Igreja a partir dessa situação”, não estando “à espera da palavra do «Senhor Prior»”, gerando através destes exemplos “comunidades verdadeiramente cristãs”.

Uma porta aberta da Igreja é o que um grupo de homossexuais católicos encontram na oração e partilha que quinzenalmente os reúne numa capela, em Lisboa, acompanhados por um sacerdote que acredita que a Igreja deve estar onde estão a pessoas, ajudando-as a interpretar os seus dilemas à luz do Evangelho.

Rui, participante neste grupo, conta à ECCLESIA que ali pode “falar abertamente da vida espiritual, da caminhada de fé mas também de outras vertentes da vida”.

Foi um sacerdote que o acolheu no grupo e onde, numa conversa, Rui não encontrou “um “discurso já feito”, onde o quisessem “encaixar” sem saber nada da sua história.

Estas e outras histórias podem acompanhadas este domingo no programa de rádio na Antena 1 e no programa ‘70×7’ (RTP2).

O documento preparatório da III Assembleia Geral Extraordinária do Sínodo dos Bispos foi divulgado pela Santa Sé no último dia 5 de novembro e está disponível desde então para leitura e download no site da ECCLESIA.

LS

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