Natal: Bispo da Guarda lembra dificuldades de quem vive sem trabalho

D. Manuel Felício deixa mensagem de solidariedade às vítimas da crise e elogia papel das famílias

Guarda, 16 dez 2013 (Ecclesia) – O bispo da Guarda apelou a um esforço da sociedade portuguesa para assegurar o “direito fundamental” ao trabalho, numa mensagem de Natal em que lembra as dificuldades dos desempregados e elogia o papel das famílias perante a crise.

“Este Natal convida-nos, por isso, a reforçar a proximidade com todos, a começar pelos que mais precisam, sobretudo porque lhes falta trabalho”, escreve D. Manuel Felício, num documento apresentado hoje em conferência de imprensa e enviada à Agência ECCLESIA.

O prelado lembra os que não têm trabalho e os que vivem uma situação precária de “trabalho a prazo, ou em risco de acabar por insustentabilidade das empresas ou ainda porque não lhes garante um salário justo que permita a sustentação dos próprio e das suas famílias”.

“Os jovens, mesmo com diplomas de ensino superior e universitário, são os mais atingidos, o que os obriga, muitas vezes a decidirem-se pelo caminho da emigração, com prejuízo para todos nós”, acrescenta.

A mensagem de Natal destaca que o trabalho é “realizador de riqueza”, mas sobretudo “caminho de realização pessoal para quem trabalha”.

Num contexto de crise económica, D. Manuel Felício elogia o papel das famílias como “almofada de grande importância para ajudar a superar as dificuldades momentâneas e outras mais duradouras”.

“Com a complementaridade de homem e mulher, do pai e da mãe e com os afetos, elas são o ambiente indispensável e o caminho seguro para fazer crescer as pessoas na vida”, escreve.

Nesse sentido, o bispo da Guarda considera ser “legítimo” pedir a quem governa e também aos legisladores que “não criem dificuldades à vida das famílias, mas, pelo contrário, lhes deem os meios indispensáveis para desempenharem bem funções essenciais que nenhuma sociedade pode dispensar”.

O texto cita os ensinamentos do Papa Francisco sobre a necessidade de “voltar a colocar no centro a pessoa humana e o trabalho” e de impedir que “o dinheiro tenha a primazia”.

“É bom não esquecer que na base da atual crise financeira está uma crise antropológica profunda, que é a negação da primazia e centralidade do ser humano relativamente a todos os processos de organização da sociedade, a começar pela organização do trabalho”, prossegue.

O bispo de uma das dioceses do Interior admite que existe “grande dificuldade” na região para garantir aos cidadãos “o direito fundamental ao trabalho com justa remuneração”.

“Precisamos que sejam criadas as condições necessárias para que as empresas que temos se mantenham e outras venham preencher vazios que a todos nos preocupam”, assinala.

Entre essas condições, precisa o documento, estão o financiamento e a responsabilização “tanto de empregadores como de trabalhadores”.

D. Manuel Felício defende, por outro lado, que o próximo quadro comunitário sirva efetivamente para a recapitalização das empresas existentes e a criação de outras.

“Esperamos que a promessa seja cumprida e que se atenda às necessidades acrescidas da nossa região que tem sido muito desprezada. Aqui os responsáveis pela nossa governação local têm importante palavra a dizer, incluindo sobre discriminação justa em matéria de impostos”, precisa.

O prelado refere ainda que a celebração do Natal evoca o nascimento de Jesus que “quer estar próximo de todos, a começar por aqueles que como ele são excluídos da cidade”.

OC

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